Ande na linha

Colunistas Oscar Buturi

Um vídeo publicado por uma colega em uma rede social nos últimos dias gerou um debate interessante e digno de nota. Destaco a importância da publicação porque, na maioria da vezes, as redes sociais são terreno fértil para a demonstração da insensatez, expressão de ódio, preconceito e intolerância, realidade que torna os aplicativos muitas vezes irritantes e desinteressantes. Mas há quem os utilize de forma construtiva e, quando isso ocorre, é possível extrair boas lições e experiências positivas. No caso em questão, um vídeo feito por um condutor de veículo que, provavelmente, acabara de ser autuado por estacionamento irregular em um supermercado. Visivelmente irritado, o autor do vídeo faz críticas e ameaças aos agentes de trânsito, manda recado ao prefeito e afirma que a cidade tem muitos outros problemas para serem resolvidos longe dali. A colega que compartilhou a publicação questionava de forma sincera se aquela ação – aplicação de multas em locais privados – é legal. Embora alguns tenham se manifestado a favor do cidadão multado e contra a prefeitura, curiosamente outros logo se posicionaram com informações precisas e esclarecedoras. As mudanças no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 13.281/16) permitem a fiscalização em locais não públicos desde 2016, no entanto, os estabelecimentos privados tinham até agosto de 2017 para realizar as adaptações necessárias, especialmente em relação à correta sinalização das vagas para idosos e deficientes. Desde então, a fiscalização é válida e deve ser estimulada, não obstante o fato de as cidades, de forma geral, terem muitos outros problemas, como afirmou o responsável pelo vídeo. Uma coisa nada tem a ver com a outra, do contrário, o país deveria parar e investir apenas em saúde ou segurança, problemas crônicos, para só então, voltar-se para outras questões. Não é assim que funciona. Conheço pessoas que não se preocupam com fiscalização porque obedecem à legislação. O discurso de arrecadação e indústria da multa também não se sustenta. Se não quer “contribuir” com a tal indústria, ande na linha.

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