Candidato Simples e simplista

Colunistas Oscar Buturi

llMais uma vez cá estamos nós em novo período de campanha eleitoral, embora as ruas não manifestem essa realidade com clareza. O início da propaganda eleitoral no rádio e TV deve aumentar a exposição dos candidatos e, provavelmente, mudar esse cenário. O começo é sempre assim mesmo, um pouco tímido. A campanha mais curta (52 dias no 1º turno), aliada ao tempo necessário e dificuldades para a confecção de materiais publicitários, criam enorme pressão sobre candidatos e apoiadores para colocar suas campanhas nas ruas. Cada dia perdido pode custar caro no fim da corrida eleitoral. Também vemos candidatos e apoiadores apreensivos, preocupados com a possibilidade de hostilidade por parte de eleitores insatisfeitos. A instabilidade política e institucional, agravada nos últimos quatro anos, lançou o país num ambiente fragilizado, como nunca antes. Sair às ruas pedindo votos tem sido um desafio para os fortes e, em alguns casos, para “caras de pau” mesmo. Mas há algo que gostaria de chamar a atenção neste processo eleitoral, embora não seja novo – a forma com que assuntos complexos são tratados pelos candidatos, principalmente nas candidaturas chamadas majoritárias, como a de presidente. É impressionante como alguns são levianos ao explanar sobre temas complexos, como se fossem de fácil solução. São superficiais e evasivos em matérias que exigem profundidade. E quando pressionados com questões desconfortáveis, descaradamente desviam-se do ponto central, sem a menor cerimônia. Uma coisa é ser simples, outra completamente diferente é ser simplista. A comunicação com simplicidade é uma arte e arma poderosa na boca de quem a utiliza com inteligência e sabedoria. Uma mensagem simples não elimina questões essenciais da matéria, e somente quem entende bem de assuntos considerados sérios, tem a capacidade de explicá-los de forma descomplicada. Por outro lado, um candidato é simplista quando trata questões importantes com superficialidade, e assim o faz porque não entende da matéria. O candidato simplista deixa de lado aspectos fundamentais para a compreensão global da mensagem. No fundo, tenta ocultar sua ignorância e despreparo e, por vezes, tem sucesso diante de um eleitorado pouco criterioso e ainda em processo de maturidade política.

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