Carta para um recém-nascido

Colunistas Paloma Bueno

Ah meu querido, existe tanta coisa que eu queria que você soubesse sobre essa fase que estamos vivendo… Na verdade, a expectativa pelo dia que nos veríamos a primeira vez começou há muito tempo.

Não sabia como você seria, só sabia que te amaria de forma intensa. O tempo foi passando e conforme você ia crescendo na barriga da mamãe, mais ansiosa eu ficava. Uns medos e receios eventualmente tomavam conta dos meus pensamentos e a ansiedade só aumentava. Você chegou ao mundo e tivemos que aprender um bocado de coisas juntos. Ninguém te contou como era do lado de cá e eu tenho que confessar que também fiquei um pouco assustada quando me dei conta de que cuidar de um bebê era muito mais trabalhoso do que eu poderia ter imaginado. Sofremos um pouco com a amamentação.

Você com fome e eu toda desajeitada, sem saber te ensinar direito a melhor forma de fazer. Tivemos que ajustar nossos relógios biológicos porque você não conseguia distinguir a noite do dia mesmo que a mamãe tivesse caindo de sono… Foram banhos desengonçados, fraldas e fraldas que vazaram, gorfo quando estávamos pronto para sair de casa, crises e mais crises desesperadoras de cólicas… Foi um processo um tanto quanto tumultuado.

Sei que você não terá registro de nenhuma dessas memórias (e me sinto muito aliviada por isso, de verdade). Você não irá se lembrar das minhas crises de choro, da minha exaustão, da minha melancolia nesses primeiros meses. Mas só quero deixar registrado que por mais sofrido que tenha sido, seu sorriso banguelo fez cada segundo de entrega valer a pena.

A fase passa, o amor aumenta (e tem horas que dá a impressão que não vai caber no peito), as coisas mudam e eu não serei mais o centro do seu universo. Apesar de você ser sempre o centro do meu.

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