Isso é enigmático!

Colunistas Oscar Buturi

A dinâmica urbana me intriga. A cidade é como um organismo vivo, em constante movimento e transformação. Desde as primeiras horas do dia, antes mesmo do alvorecer, até o crepúsculo, a urbe reage de forma quase sempre sincronizada, respeitando o calendário. Sim, porque uma quarta é diferente do domingo, que diverge da sexta-feira. Nas vésperas de feriados prolongados tem ritual marcado por uma espécie de ansiedade coletiva, bastante distinto da volta do feriado, por vezes melancólico. A cidade assume a cara de seus habitantes e manifesta seus hábitos e costumes. Em tempos de Copa do Mundo é impossível não notar como esse processo ganha contornos ainda mais nítidos. Em dias de jogos da seleção brasileira de futebol as pessoas ficam mais descontraídas e o assunto domina a pauta em todos os lugares. A depender do horário da partida, empresas dispensam funcionários, as escolas seus alunos e as ruas são tomadas por gente de toda parte, antecipando o horário de “rush”. Os congestionamentos são inevitáveis. Você já observou o comportamento das pessoas, especialmente no trânsito, pouco antes de começar um jogo importante da seleção? Muitas vezes chega a ser tenso! A inquietude toma conta de alguns à medida que o início da partida se aproxima e o local de destino parece distante. Ainda mais curioso é perceber como as ruas ficam durante o jogo e, às vezes, pouco depois dele. A cidade para. O vai e vem das pessoas dá um tempo, a poluição sonora desaparece. O silêncio domina entrecortado por comemoraç ões, quando o caso. E pensar que a mesma dinâmica se repete em praticamente todo o país. Mesmo aqueles que não curtem o tradicional futebol, tampouco a seleção da CBF, sempre envolvida em escândalos de corrupção, são enfeitiçados pela magia da Copa. E quando a seleção brasileira entra em campo e o hino nacional é entoado por uma torcida apaixonada, uma chave parece virar em cada torcedor. Por 90 minutos esquecemos diferenças e um sem-número de problemas e aborrecimentos. Isso é enigmático! E em toda Copa do Mundo é assim.

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