Os pequenos depois da Copa

Colunistas Paloma Bueno

Tenho várias lembranças legais da época de Copa do Mundo de quando era pequena. Gostava do clima, de ver todos vestindo as cores do Brasil, daquela tensão mas na hora dos gols era tudo uma festa. As lembranças são tão boas que queria criar a mesma atmosfera para o meu filho.

O Matheus nasceu em maio de 2014 então a primeira Copa dele foi, literalmente, entre cólicas e mamadas. Apesar da minha empolgação, pouca coisa ficou registrada daquela vez (ainda bem, porque se lembrasse só do 7 x 1 seria um grande trauma). Enfim chegou 2018, ele com 4 anos e já entendendo muitas coisas. O clima da Copa chegou com tudo. Foi bandeira, uniforme, pipoca, festa e uma expectativa muito maior do que eu tinha imaginado… A cada jogo, um novo evento. Ele colocava o uniforme da seleção, bandeira do Brasil, vuvuzela, buzina e bola. Curtia tudo. O encontro com os amigos, o clima, a comemoração. Sempre que acabava o jogo já perguntava quando seria o próximo. Estava tudo bem até que o Brasil tomou dois gols da Bélgica no primeiro tempo nas quartas de final. Intervalo um pouco tenso mas nada estava decidido. Durante o segundo tempo, até fizemos um gol que foi muito comemorado. Mas o relógio ia correndo e a bola teimava em não entrar no gol do nosso adversário. Ele começou a perceber que a tensão estava um pouco maior que o normal. Faltando 10 minutos para terminar o segundo tempo, perguntou: “Mamãe, o que está acontecendo?” “O Brasil está perdendo filho. Se não fizer mais um gol, já está fora”. Aqueles olhinhos curiosos me encararam como se a resposta não tivesse sido satisfatória. Ficou quieto, mudo. Só olhava para a televisão. O tempo acabou e o juiz encerrou o jogo. Estávamos fora. A reunião com os amigos que tinha começado super animada, se calou. Ele me olhou e soltou: “A gente perdeu? Quando tem jogo do Brasil de novo?”. Respirei fundo, tive que chamar o pai e explicamos juntos que o Brasil estava fora da Copa, que não teria um próximo jogo.

Foi uma sensação horrível. Parecia que estávamos destruindo um sonho dele. Começou a chorar sentido, falando que estava muito triste… Meu coração se partiu em milhões de pedaços. Ele inconformado e nós completamente impotentes diante daquele cenário que fugia do nosso controle. Demorou para ele entender a situação. Seguiu perguntando se não ia ter jogo do Brasil nos dias seguintes.

Aos poucos, foi aceitando que realmente tinha acabado e que o nosso país não seria o campeão. O Brasil perdeu a chance de ganhar a Copa do Mundo mas graças a Deus em casa conseguimos perceber a tempo que o maior prêmio que poderíamos ter ganhado foi aprender a ensinar o nosso pequeno a lidar com as frustrações ( por mais dolorido que tenha sido)… E apesar disso, já estamos ansiosos para 2022.

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