A campanha Janeiro Roxo alerta para a conscientização sobre a hanseníase

Colunistas Dra Simone neri

Dra. Simone Neri, dermatologista

Janeiro roxo é o mês destinado a ações para informar a população e agentes de saúde sobre a Hanseníase, doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium Leprae ou bacilo de Hansen. Identificada em 1873, pelo cientista Armauer Hansen, trata-se de uma das doenças mais antigas do mundo, com registros de casos há mais de 4.000 anos, na China, Egito e Índia.

Muito conhecida e estigmatizada no passado como lepra, uma doença sentenciava o portador a morte, hoje, é uma doença altamente tratável. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 30 mil novos casos da doença são detectados todos os anos no Brasil. No mundo, cerca de 210 mil novos casos são reportados anualmente, dos quais, 15 mil são de crianças. Segundo Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a hanseníase é encontrada em 127 países, com 80% dos casos na Índia, Brasil e Indonésia (dados de 2018).

A transmissão do M. leprae ocorre pelo contato com gotículas de saliva ou secreções nasais do paciente. O período de incubação varia de seis meses a cinco anos e ela vai se manifestar de acordo com a genética de cada pessoa.

Tocar a pele do doente não transmite a hanseníase e o diagnóstico é feito por meio de testes de sensibilidade, palpação de nervos, avaliação da força motora etc. E, quando necessário, a baciloscopia com a coleta da serosidade cutânea, além de biópsia da lesão ou de uma área suspeita.

A identificação da doença também pode ser feita por sintomas como manchas mais claras, vermelhas ou mais escuras visíveis, sensibilidade no local, perda de pelos e ausência de transpiração. Os nervos também podem ser afetados e apresentar dormência, perda de tônus muscular e retrações dos dedos. Em fases mais avançadas da doença, podem surgir caroços e/ou inchaços nas orelhas, mãos, cotovelos e pés.

No Brasil, o tratamento é gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e varia de seis meses a um ano. É um tratamento eficaz, quando feito corretamente, e após a primeira dose da medicação o paciente não transmite a doença durante o tratamento. Podendo conviver em sociedade normalmente.

Para prevenir a Hanseníase é preciso manter hábitos saudáveis, alimentação adequada, evitar o álcool e praticar atividade física associada a uma boa higiene. A vacina BCG provoca uma boa resposta de defesa ao organismo, mas não impede que uma pessoa tenha hanseníase. Aqueles que são vacinados, dificilmente apresentam formas graves da doença. Atualmente, a BCG é aplicada em bebês na maternidade.

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