Hemorroida amorosa tem cura

Colunistas Talita Andrade

Acreditar no amor está mais complicado que torcer pela mega da virada.
Costumo dizer que já tomei tanto no… por expectativa amorosa que já nem sei se tenho veias ao redor… (deixa pra lá).
Segundo a Marilia Mendonça é só: “Para de insistir, chega de se iludir…” ou então, como o Inimigos da HP: “Bola pra frente, cabeça erguida. Tudo bem isso é normal, um desamor não pode ser fatal.”

Mas calma, vou colaborar também com um pouco da minha bagagem de futura-ex-trouxa.

A primeira coisa que precisamos entender é que estamos na geração do “golpe”. Pessoas com habilidades de conquistar, com promessas ou expectativas ensaiadas. Seduz, encanta, embala o outro numa “sintonia exclusiva” (é cilada, Bino!), o fazendo se sentir único para que ambos tenham uma intensa troca. E sem mais nem menos, após conseguir o que quer (pode ser sexo de uma noite ou apenas alguém apaixonado correndo atrás) a pessoa se afasta, some do nada.


Portanto, não é à toa que as pessoas estão traumatizadas e medrosas, cansadas de tantos “Agora vai… não foi”. Então quando chega alguém bacana, disposto, e psicologicamente saudável, a tendência é temer que seja mais uma ilusão. E assim, há duas possibilidades: perder a oportunidade por medo de se magoar ou tentar dar uma chance, mas sempre comparando essa pessoa com os idiotas. E nesse caso, acabamos estragando algo que tinha tudo para ser sólido por ficar receosa pelo passado. E se for só isso, está bom. O risco é magoar o outro por ter medo demais para enfrentar os riscos de estar numa nova relação.

“Nossa, Tali, como assim relação?”
Para mim, relação é o ato de focar em uma pessoa que tem objetivos e intenções semelhante à sua, onde ambos apreciam a sintonia natural (diferente da artificial que os babacas habilidosos criam para te jogar na teia) e deixam rolar. Claro que não vamos ter cinco relações ao mesmo tempo. Estou dizendo de um casal que combinaram no intelectual e físico e sentem que são compatíveis demais para se afastarem, mas responsáveis demais para assumirem algo impulsivo.


Se relacionar é deixar fluir, curtir a leveza e a naturalidade como sentem a falta um do outro. É o encantamento, a paixonite aguda, o suspirar e a falta que ambos sentem um do outro. É o frio na barriga, as horas consecutivas de conversa no telefone diariamente, a mensagem inesperada que arranca sorrisos bobos. É ouvir uma música e lembrar da pessoa. É o medo de dizer algo errado, que possa afastar o outro.

Já o relacionamento é concretização, o upgrade da relação que progrediu para um sentimento de certeza, cumplicidade, dedicação e lealdade. É a certeza de que encontrou no outro, alguém semelhante para dividir os sonhos, a rotina e o futuro, mas principalmente, o depósito de confiança.

Entretanto, enquanto tivermos dificuldade em identificar as pessoas que têm responsabilidade afetiva (https://correiopaulista.com/responsabilidade-afetiva-o-antidoto-da-ilusao/) e as que estão apenas curtindo a vida, brincando com as expectativas alheias, nunca conseguiremos alcançar nosso objetivo amoroso.
Até porque, é nossa culpa se iludir com pessoas nitidamente montadas na perfeição e gentileza. Quem busca perfeição está assinando papel de trouxa com firma reconhecida. Então, desmonte o roteiro de pessoa ideal. Crie critérios básicos de valores que te agradam e saiba decifrar textos ensaiados e pessoas robotizadas. Quando você entender que o que é para ser teu vai te encontrar, onde você menos espera, você vai parar de olhar para os lados, em busca dos passageiros consumidores de tempo.

Boa sorte na sua busca e resistência com os espinhos.

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