Paixão pelo Brasil na Copa!

Luis Marcelo Bigatto

A Copa do Mundo para o torcedor brasileiro realmente é algo muito especial, por pior que esteja a expectativa do povo com o seu País, o futebol parece ter a força de deixar tudo guardado dentro de uma caixa durante 30 dias. Nos primeiros meses do ano, existia uma dúvida tremenda de como seria o comportamento do torcedor no Mundial da Rússia e diversos fatores foram importantes para este questionamento. O descrédito com a classe política e como o povo tem sido tratado no seu dia a dia é a principal, porém, não podemos deixar de citar algumas frustrações que tivemos nas competições anteriores: Mundiais que despertou expectativas enormes resultando em algumas decepções.
Como não lembrar do galáctico time de 2006, com o seu famoso quadrado mágico formado por Ronaldo, Adriano, Ronaldinho Gaúcho e Kaká, acabou virando o quarteto trágico do professor Parreira, eliminado pela França. A principal crítica em relação a Seleção Brasileira na oportunidade foi a preparação dos treinamentos festivos o que teria tirado todo o foco daquele time.
Já em 2010, então o Brasil faz a opção por um sargentão, vamos acabar com essa farra, agora qui tem comando. A CBF contrata Dunga, era regime fechado, ninguém podia nada, também não adiantou. O Brasil foi eliminado pela Holanda e como no Brasil temos a qualquer custo que crucificar alguém, procurando a todo o custo culpados para derrota, os alvos foram Dunga e Felipe Melo, como se os dois fossem os únicos responsáveis pelo fracasso do Brasil.
Não apenas no futebol, mas na vida é assim, onde depositamos a maior expectativa é pior a dor. Então a CBF coloca dois campeões mundiais para comandar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo no Brasil, com os mestres da bola, resta agora só cumprir tabela, são apenas sete jogos e o Hexa é nosso. Só que não, justamente dentro de casa, o Brasil passa uma das maiores vergonhas da sua história, é goleado pela Alemanha por 7×1, cai dentro da sua terra.
São motivos o suficiente para afastar o torcedor brasileiro desta tal Copa do Mundo. No entanto, não é exatamente o que está acontecendo, pelo contrário, a partir do momento que começou o Mundial da Rússia, o torcedor brasileiro voltou a respirar os encantos da Copa. A TV Globo por exemplo, teve crescimento de 150% de audiência no horário, durante a abertura da Copa.
Mas o clima ficou melhor no dia que a Seleção Brasileira entrou em campo pela primeira vez no mundial. O cenário era de bares super lotados, famílias reunidas fazendo aquele famoso churrasco para confraternizar e os números mais uma vez provaram que o torcedor é completamente apaixonado pela Seleção Brasileira. A Globo atingiu a marca de 52 pontos de audiência no horário de Brasil 1 x 1 Suíça, o maior índice dos últimos quatro anos.
Toda essa paixão deixa o torcedor meio bipolar e isso é natural, faz parte de toda a paixão que envolve o futebol. Antes de Brasil x Suíça, o discurso era ufanista, vamos atropelar a Suíça, o Neymar vai arrebentar. Logo depois do empate, o Brasil seria eliminado na primeira fase e o Neymar não prestava mais, mas já estamos escolados com isso, afinal, no Brasil tudo muda em 90 minutos.
Existem muitas teses mirabolantes que são extra campo, mas pouca profundidade no futebol apresentado. O mundo evoluiu muito, a camisa não joga sozinha, é claro que o mercado publicitário coloca esse ufanismo, que o Brasil é o maior e vamos conquistar o Hexa, é só uma questão de jogar, mas não é bem por ai.
No meu conceito o Brasil continua sendo uma equipe muito bem treinada pelo técnico Tite e Neymar um dos principais jogadores do mundo. Como é verdade também que o Brasil não fez um bom jogo contra a Suíça, a equipe ainda sente falta do Daniel Alves, fica um pouco pensa pelo lado esquerdo do campo, mas tenho a convicção que com o decorrer da primeira fase isso será corrigido.
É verdade que Neymar praticou alguns dribles desnecessários e que isso deve ser feito no último terço do campo, sim. Mas também não foi nenhum crime, até porque, é verdade também que ele foi aquele que procurou a bola para tentar algo diferente, até pela dificuldade coletiva que o Brasil teve no primeiro jogo, qual outro jogador chamou para si a responsabilidade? É muito fácil procurar um culpado, fizemos isso em outros mundiais e não deu muito certo, sei que é difícil, mas podemos tentar equilibrar um pouco as emoções.

O convidado especial Luis Marcelo Bigatto é radialista da Rádio 105 FM e colunista do Correio Paulista

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