Santo Graal do futebol moderno

Copa do Mundo Marcelo do Ó

Meus amigos, chegamos ao final da primeira fase da Copa do Mundo. Times grandes fora (Alemanha), o nosso Brasil dentro do mata-mata. Jogos emocionantes, pouco técnicos, eletrizantes no final. Verdadeiros roteiros de Alfred Hitchcock, o rei do suspense. E muitos gols de bola parada. Interferência direta do vídeo assistent referee – o VAR. Para muitos, o Santo Graal do futebol moderno. Com muito constrangimento, eu confesso a vocês: eu não gosto do VAR.
Os dados sobre ele mostram benefício ao jogo. Matéria do portal ESPN desta quinta-feira, 28, mostra que o sistema interrompe o jogo em menos 5% do tempo das pausas das faltas. Números do site FiveThirtyEight, dos EUA. O levantamento diz respeito às duas primeiras rodadas. O que é uma boa, pensando no argumento (que também é meu) de que o VAR para demais as partidas. Além disso, é evidente, há acertos dignos de nota em partidas importantes do Mundial, como – por exemplo – o gol que ajudou a tirar a Alemanha da Copa, marcado pela Coréia do Sul.
No entanto, embora eu concorde – e muito – que a tecnologia é fundamental no futebol (e também na vida). Duas coisas me fazem olhar com desconfiança para esse procedimento em específico. A primeira delas é a subjetividade da decisão final do árbitro de campo. A outra é a imagem em si, seus ângulos e velocidades, que alteram sim a interpretação do que ocorreu no jogo real.
Tivemos na quinta-feira um pênalti contra a Colômbia anulado pela arbitragem no jogo com Senegal. No jogo real, o juiz marcou a penalidade por entender que houve um choque antes do toque na bola. O VAR foi utilizado, o árbitro foi até a TV à beira do campo e reviu a marcação. No entanto, numa das repetições, é possível ver o toque das canelas dos dois atletas antes do toque do colombiano na bola. Eu daria o pênalti. É interpretativo. Não é objetivo. Não resolve todos os problemas. Como esse dá para dar outros exemplos, como um toque de braço de Rojo, da Argentina, contra a Nigéria.
Portanto, as características da imagem filmada (ângulo, velocidade e enquadramento) mudam a interpretação e podem sim gerar erros de arbitragem. Eu utilizaria apenas em lances de impedimento. Porque se é para deixar com o árbitro, que deixe-o usar a visão do jogo real para acertar ou errar.

O convidado especial Marcelo do Ó é jornalista; narrador das rádios Globo e CBN, RedeTV e TV Nsports

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