Vice-líder do Paulista, Osasco Soldiers e a batalha insana pela sobrevivência

Colunistas Esportes Márcio Silvio

Eles são destaques na competição que reúne os principais times de futebol americano do Estado. Desde o começo do ano, o time de Osasco vem treinando forte para fazer bonito nas competições, a situação no Paulista mostra bem o empenho deles, mas a falta de apoio coloca em risco o futuro da equipe


A família Osasco Soldiers é muito unida apesar das dificuldades

Com três vitórias e um empate, o Osasco Soldiers é o vice-líder do Campeonato Paulista de Flag Football e surpreende com esse início invicto no fortíssimo jogo da bola oval, o futebol americano. Mas os bons números de agora não são por acaso, pois em janeiro o Soldiers foi campeão de um torneio de preparação e, antes disso, manteve um expediente concentrado em treinos e aperfeiçoamentos.
Tudo feito como tática para a batalha do Campeonato Paulista. No entanto, os aplausos a esses valentes não ficam para os resultados apenas, pois cada jarda é uma grande vitória para esses soldados de Osasco, que sofrem dramaticamente para se manter em campo.
O Soldiers tem história em Osasco desde 2008. Quando César Augusto decidiu desafiar a correnteza ao fundar o primeiro time de futebol americano na cidade, sabia que a parada seria desproporcional. Se hoje a modalidade ainda luta para se estabelecer e ganhar notoriedade no país do futebol, como eram as coisas uma década atrás?
O início foi festivo, mas conturbado, cinco anos depois o Soldiers mantinha a trincheira como refúgio para se proteger e, também, para curar as feridas. Nada a ver com lesões ou consequências dos jogos, mas com traumas que machucam muito mais – esses soldados estão numa guerra contra o descaso social, o abandono e a falta de reconhecimento.
É um time de Osasco, disputa as temporadas da federação, tem tudo certinho, mas precisa se rastejar para conseguir alguma mão estendida. Os soldados fazem até rifas para compra de equipamentos, especialmente os de treino. Certo, eles vão à luta, cumprem a missão, mas ao voltarem ao grupamento deparam-se com um desafio ainda mais grave – onde treinar?
O Soldier teve como primeiro campo uma área vizinha ao quartel de Osasco – daí o nome do time. A rotina é de linha dura, quase militar e todo soldado que entra em campo sabe que está ali porque faz por merecer. No entanto, desde aquele terrão sob um viaduto em 2008 que a equipe amarga um futebol nômade.Agora mesmo, por exemplo, o Osasco Soldiers volta a ficar sem chão. Vem usando o campo do CSU na Vila Osasco, mas já com o horário de uso bem resumido – são três categorias em jogo, mas com o campo sem agenda – em razão disso, duas equipes foram cortadas.
Uma nota do Soldiers destaca que nem o ofício para renovação de uso do campo foi protocolado – isso significa que as portas estão sendo fechadas ali. No entanto, mesmo sentindo o perigo de abandono os soldados mostram superação com os grandes resultados no Paulista. A equipe osasquense já passou pelo Marginals, depois enfrentou o Canivalls, o Sharks e o Storm; o calendário mostra o Bears em 4 de agosto, a Portuguesa em 8 de setembro, o Black Panthers no dia 22 e, no fechamento em 6 de outubro, o Greens.
Mas é aquela coisa, soldado vai à guerra sem poder de fogo? Os de Osasco sim, lutam com qualquer coisa. Essa garra e valentia justificam a vice-liderança no Paulista, pois todos sabem da vida dura dessa moçada que não entrega as armas e que não foge da luta.
O Soldiers está nas redes sociais e, por enquanto, treinando todos os sábados no campo do CSU que fica na Rua Diogo Benites, Vila Osasco.

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