Por: André Arruda
Se Deus fosse bom
amar não doía tanto
morrer não causava espanto
solidão não angustiava
Carlos Drummond era santo
cada qual tinha seu canto
o sonho não acabava
se Deus fosse mesmo bom
banqueiro era socialista
a Igreja, comunista
governador governava
o PT inda era petista
a Xuxa não era artista
Gisele Bünchen me amava
se Deus fosse mesmo bom
dinheiro não me faltava
Corinthians nunca ganhava
Charles Chaplin não morria
gente feia não existia
Pelé não envelhecia
e o Galvão aposentava
se Deus fosse mesmo bom
político era sincero
cidadão, um ser sagrado
e falar de “Fome Zero”
era chover no molhado
contrabando era exceção
honestidade era praxe
e nos quartéis, diversão
invés de: “ordinário, marche”
aposentado, aposentava
criança se divertia
funcionário, funcionava
e patrão pagava em dia
hospital era asseado
gasolina era de graça
e Livros, por todo lado
espalhados pela praça
se Deus fosse mesmo bom
surtar era uma saída
loucura, lição de vida
e o Juqueri, faculdade
burrice não era moda
nem viver era tão foda
mera ‘pragmaticidade’
a Arte, enfim, era tudo
Ser Humano não era ego
Beethoven não morria surdo
nem Stevie Wonder, cego
racismo não existia
fascista não se elegia
Roberto não era o rei
Educação, uma verdade
Cultura, prioridade,
e a Poesia era lei