Durante uma conversa com um amigo sobre a possibilidade de ele convidar nossa banda e outras autorais para tocar em seu bar, ele me disse: “Banda autoral não traz público!”. Pouco tempo depois, seu bar fechou, enquanto nossa banda se aproxima dos dezessete anos de existência, a serem completados em dois mil e vinte e cinco. Essa resistência às bandas autorais é comum em muitos estabelecimentos locais. Embora compreensível do ponto de vista econômico, sempre acreditei que um meio-termo seria o ideal para agradar aos diversos públicos.
Recentemente, fui a uma apresentação da banda Subtotal no Bar do Steve, no centro de Osasco. No ano passado, o Lata Velha também cedeu espaço para bandas locais, enquanto o Bar do Necão frequentemente abre suas portas para músicos autorais. A Casa Amarela se destaca como uma das pioneiras no apoio à música autoral na cidade, assim como o Lau Estúdio.
Neste fim de semana, um evento em especial chamou minha atenção. O Tribos Bar, localizado no Jardim das Flores, vai realizar o “Festival Hardcore Osasco”, que reunirá bandas de destaque, como Gritando HC, Marrones, SubRock e TommaRock. O festival promete apresentações de peso: Gritando HC, com trinta anos de trajetória, é um ícone da cena “Bandas de Garagem” e do rock paulista. Marrones, outra banda veterana, traz um show energético e cheio de referências. A abertura ficará por conta das bandas TommaRock e SubRock.
O formato do festival é notável: ele mescla bandas autorais, bandas tributo e grupos da cena “garagem”. Esse modelo pode ser a chave para revitalizar a cena musical independente da cidade? Anderson Buda, da Buda Produções, realiza o Festival Hardcore há vinte e cinco anos, promovendo essa fórmula de combinar bandas renomadas no circuito independente com bandas locais. Segundo ele, “A ideia sempre foi fazer a engrenagem musical funcionar, com o público descobrindo novas bandas e estilos. O festival volta a ser referência, como era no início, ao proporcionar essa mistura.”
Para Gil Freitas, da banda SubRock, bares que abrem espaço para música autoral merecem reconhecimento. “Depois da pandemia, muitos locais fecharam e não reabriram. Hoje em dia, há poucos que ainda apostam em bandas autorais, e devemos valorizar esses lugares.”
A mescla entre bandas autorais e covers poderia ser uma tendência para a cena musical? Daniel Wergan, músico de destaque na cidade, acredita que sim, desde que seja bem estruturada. “A ideia de combinar bandas autorais com covers é interessante, mas é importante que aconteça em dias de maior movimento, como sextas e sábados. Outro ponto crucial é o valor financeiro para os músicos, mas vejo potencial nesse caminho.”
Curiosamente, na próxima sexta-feira, dia primeiro de novembro, o Dunk Bar, no Campesina, também aposta nesse modelo. A banda autoral AllSapão fará a abertura da The Peppers, um grupo cover do Red Hot Chili Peppers.
A mescla de bandas autorais com tributos não apenas favorece a diversificação do público, mas também cria uma “cultura de descoberta”, permitindo que o público amplie seu repertório musical. Ao investir nesse formato híbrido, o cenário autoral de Osasco pode se fortalecer, promovendo bandas independentes e atraindo novos ouvintes. Essa abordagem, quando bem gerida, pode estabelecer um ambiente onde bares e bandas autorais coexistam de forma sustentável, potencializando o crescimento da cultura local e oferecendo ao público uma experiência musical mais rica e diversificada.
Se esse formato ganhar força, ele pode representar um novo momento para a cena autoral em Osasco, com mais oportunidades em bares, festivais, feiras gastronômicas e eventos da Prefeitura. Que venham novos festivais e um futuro cheio de música independente. Oremos!
O Tribo´s Bar fica na Av. Diogo Antônio Feijó, Jardim das Flores – Osasco, SP e o Dunk Bar Rua Doutor Carlos Moraes de Barros, 725 – Vila Campesina, Osasco, SP, Brazil
A Arte do Festival @universo.hexagonal e design @hellvz
Até a próxima pessoal