Em 2020 eu escrevi bastante sobre AUTOESTIMA. Em cada texto eu falava sobre autoamor, autocuidado, autoproteção. Nada menos que se enxergar, se escutar e SE RESPEITAR. Mas então, percebi que as vezes, pesamos a mão, e o amor-próprio é uma das coisas que se praticado com excesso, nos destaca na soberba e autorreferencia. E se buscamos evolução, expansão de consciência e a nossa melhor versão diariamente, Por que repetimos frequentemente a frase: “Eu mereço mais”?
O quanto é mais? Por que nos achamos merecedores desse mais? E o que torna o outro indigno de não poder evoluir conosco?
Primeiro, é a autorreferência! É se amar a ponto de se enxergar como melhor que o outro, seja como ser humano, ou como parceiro. Olhar para si, valorizando o esforço (que as vezes é ilusório) que você teve para conseguir se reconstruir, ou ser interessante, e julgar que ambos não estão no mesmo nível. E segundo, e não menos importante, é o hábito que temos, de criar expectativa em cima das pessoas, o que obviamente vai gerar frustração futura, pois não podemos controlar nem aquilo que está ao nosso alcance e dever, quem dirá sobre o outro.
Há anos eu venho me estudando, me explorando e buscando novas facetas. Eu foquei muito em construir uma autoestima inabalável. Isto é, cuidei da minha aparência, busquei filosofias que mudassem meu comportamento como cidadã e principalmente como mulher. Desconstruí a minha base de criação machista, para enfim poder usufruir do meu direito de ser livre. Pude sentir a liberdade de ser sozinha, de poder experimentar coisas, pessoas e lugares, sem me auto julgar ou me importar se estava sendo julgada. E tanto consegui atingir esse objetivo, como também dificultei possibilidades de relações amorosas. Porque a minha autoestima foi danificada por conta de um relacionamento, então, meu subconsciente associou que me envolver com outra pessoa, iria fragilizar minha força e me fazer sofrer de novo.
Assim, me interessei em ser AUTOSUFICIENTE, acreditando na filosofia de que não precisava de alguém para me completar. Um relacionamento não ia me fazer mais feliz do que eu mesma, sozinha. Eu me amava, e isso tinha que bastar, afinal, ninguém cuidaria melhor de mim, do que eu mesma, certo?
ERRADO!
E esse é o lado ruim do SE AMAR demais. Nós nos programamos e entendemos que não podemos amar ninguém mais do que a nós mesmos. “Se amar em primeiro lugar”.
É uma confusão, eu sei. Mas a verdade é que autoestima, e o tal amor-próprio nos deixam egoístas e egocêntricos. Não nos permitimos a entrega involuntária, incalculada, integral ao outro. Passamos a agir com os passos CONTADOS, com limites e condições, para chutar o balde a qualquer momento que não nos sentimos atendidos ou super valorizados.
A grande verdade é que nos tornamos MIMADOS e BIRRENTOS, belos INSENSÍVEIS.
O tipo discurso de: “A porta da rua é serventia da casa”. E eu pergunto: – Que tipo de relacionamento dura ou se fortifica, se ao menor sinal de dificuldade ou frustração, saímos correndo para lados opostos?
Além disso, como queremos que alguém nos compreenda tão fielmente, se as vezes nem nós mesmos nos compreendemos?
Claro que não estou descartando o contexto da reciprocidade. Jamais vou dizer que devemos nos maltratar ou aturar absurdos em prol de amor. O básico do amor-próprio é saber enxergar quando está havendo abuso e desrespeito.
Mas a perspectiva que eu acho que vale a pena praticar é fazer, sentir, se dedicar sem medir esforços ou retorno. É amar aquele que nos conquistou, sem ficar avaliando quem ama melhor, pois cada um é de um jeito. Nem sempre o modus operandi vai ser semelhante e isso não significa, necessariamente, que o outro não está disposto ou menos entregue. São somente duas pessoas diferentes, com ideias e ações, diferentes, mas que se decidiram ficar juntos, é para aprender a construir e somar.
Não se importe em medidas de valores, se for para somar. Não se importe se o retorno está sendo menor que a entrega. O que precisa importar é se a vida está melhor do que antes, e se estiver, significa que estão saindo do lugar, evoluindo… chegando em algum lugar, a frente.
Este texto me ensinou sobre amar verdadeiramente o outro.