O câncer, um grupo de mais de 100 doenças caracterizadas pelo crescimento desordenado de células, continua sendo um dos maiores desafios para a saúde pública no Brasil. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam para 704 mil novos casos anuais entre 2023 e 2025, sendo a região Sudeste a mais impactada, com quase metade dos diagnósticos. Diante dessa realidade, políticas públicas eficientes são essenciais para prevenir, diagnosticar precocemente e tratar essa condição.
Prevenção: A Chave para Reduzir a Incidência
Estudos mostram que pelo menos um terço dos casos de câncer pode ser prevenido por meio de ações como:
Promoção de hábitos saudáveis: combate ao tabagismo, estímulo à prática de exercícios físicos e alimentação equilibrada;
Vacinação: imunizações contra o HPV e a hepatite B são fundamentais para prevenir cânceres do colo do útero e fígado, respectivamente;
Controle ambiental: reduzir a exposição a agentes cancerígenos, como radiação ultravioleta, e fortalecer campanhas de conscientização.
Durante o mês de dezembro, conhecido como o mês de combate e prevenção ao câncer de pele, lidero a campanha municipal do Dezembro Laranja em Osasco. Esta iniciativa inclui um ciclo de palestras para conscientização e mutirões de rastreamento de casos suspeitos, abrangendo cinco bairros da cidade. A ideia é levar informação e atendimento para a população, aumentando as chances de diagnóstico precoce.
A Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC)
Instituída em 2023, a PNPCC é um marco no enfrentamento do câncer. Essa política busca reconhecer o câncer como uma doença crônica prevenível e capacitar profissionais da saúde, especialmente na atenção básica. Além disso, estabelece diretrizes para garantir:
Acesso equitativo a exames e tratamentos modernos;
Busca ativa de pacientes em grupos de risco, priorizando o diagnóstico precoce;
Melhoria da qualidade de vida dos pacientes, incluindo reabilitação e suporte psicológico.
Desafios e Desigualdades no SUS
Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) tenha avançado em iniciativas como a Lei dos 30 Dias (13.896/2019), que garante exames diagnósticos rápidos para suspeitas de câncer, a jornada do paciente ainda enfrenta entraves, como:
Diferenças regionais: estados do Norte e Nordeste têm menor acesso a centros de tratamento;
Capacidade limitada: longas filas para exames e terapias de alta complexidade;
Falta de integração: sistemas de rastreamento que poderiam reduzir custos e salvar vidas.
Oportunidades de Melhoria
Investir em estratégias de diagnóstico precoce é mais do que uma questão econômica; é um compromisso ético. Tumores em estágio inicial têm maior chance de cura, demandam menos recursos e reduzem o sofrimento do paciente. Além disso, ampliar parcerias entre o setor público e iniciativas como o Instituto Casa Neri, que estou fundando em Osasco, pode ser um modelo replicável para outras regiões. O instituto terá foco em saúde pública e acolhimento comunitário, consolidando anos de trabalho voluntário voltado à prevenção e tratamento de câncer de pele.
Um Chamado à Ação
O câncer não espera, e cada dia é crucial. É imprescindível que a sociedade, gestores públicos e profissionais de saúde unam esforços para garantir que a prevenção, o diagnóstico e o tratamento sejam acessíveis a todos. Apenas assim construiremos um Brasil onde enfrentar o câncer seja sinônimo de esperança, e não de desigualdade.