Praças privadas de uso público: que tal testarmos essa ideia nos shoppings de Osasco?

Capa Colunistas Vitor Meira França

Uma das soluções encontradas por muitas cidades ao redor do mundo para suprir a falta de áreas verdes e espaços públicos nas regiões centrais é o incentivo à implantação de praças privadas de uso público. Tratam-se de espaços custeados e mantidos por empreendimentos particulares, mas cujo acesso é livre para toda a população.

Em São Paulo, um dos exemplos mais bem-sucedidos deste modelo é o da praça ao lado do Shopping Cidade de São Paulo, no quarteirão entre a Alameda Santos, a Rua Pamplona e a Avenida Paulista (imagem que abre este artigo, retirada do Google Street View). O espaço é muito agradável, arborizado e repleto de bancos (algo raro na região) para se contemplar o verde e descansar um pouco da correria da Paulista; especialmente nos dias quentes, a praça colabora bastante para amenizar o calor; nos dias de chuva, ela ajuda na drenagem da água.

O espaço vive cheio de gente, é ponto de encontro de jovens e costuma ser usado pelo próprio shopping para a realização de eventos abertos ao público em datas comemorativas como festa junina e natal.

Caminhando aqui em Osasco pela Avenida dos Autonomistas, tenho notado que pequenos grupos de pessoas já costumam se concentrar na espaçosa calçada bem em frente ao Shopping União. Uns parecem estar ali apenas para fumar um cigarro; outros, para sair um pouco do shopping e ficar ao ar livre na pausa do trabalho; outros parecem esperar pela chegada de alguém, para então entrar no shopping; uns descansam sentados no rodapé; outros se refugiam do sol abrasador na pequena sombra formada pelo próprio shopping. A área, portanto, já parece mostrar vocação para espaço de encontros, permanência e contemplação, apesar de atualmente só contar com alguns vasos de plantas enfileirados.

Com um bom paisagismo, plantas, árvores e mobiliário urbano, penso que a área tem tudo para se tornar uma praça agradável e bastante frequentada, como a do Shopping Cidade de São Paulo. Osasco, com isto, ganharia uma nova área verde, da qual a população poderia usufruir. A praça também seria um convite para se caminhar mais pela região, a qual atualmente os frequentadores chegam principalmente de carro ou ônibus.

O shopping, por sua vez, além dos créditos por uma iniciativa positiva em termos socioambientais, também passaria a oferecer aos seus visitantes um novo espaço, o que estimularia a permanência por mais tempo na região e atrairia novos clientes – especialmente se a área contasse, por exemplo, com uma pequena sorveteria ou lanchonete.

Frente do Shopping União. Fonte: Google Street View

Outro espaço que me parece adequado para a implantação de paisagismo, arborização e mobiliário urbano pela iniciativa privada é a área do calçadão da Rua Antônio Agú em frente ao Osasco Plaza Shopping. Uma praça ali seria um belo complemento para os bancos recentemente instalados ao longo da cobertura do calçadão, criando um novo espaço de permanência, contemplação e realização de pequenos eventos para as muitas pessoas que passam todos os dias pela região.

Entrada do Osasco Plaza Shopping pela Rua Antônio Agú. Fonte: Google Street View

A implementação das praças privadas poderia partir do próprio setor privado, é claro, mas também poderia ser incentivada pelo poder público. Em São Paulo, por exemplo, novos empreendimentos em áreas próximas a estações de trem, metrô ou corredores de ônibus que criarem praças urbanas em área particular ganham o direito de construir edifícios mais altos.

No caso de empreendimentos já existentes, o incentivo (que não existe em São Paulo, mas poderia perfeitamente ser implementado tanto lá como em outras cidades) poderia vir através de descontos em tributos como o IPTU – desde que, é claro, os técnicos da administração municipal entendessem que a praça de fato traria os benefícios esperados para a cidade.

Para o setor público, adquirir terrenos em áreas centrais e valorizadas para a implementação de áreas verdes, praças e pequenos parques é uma iniciativa muito custosa. Já a implementação de pequenas praças privadas de uso público demandaria um investimento relativamente baixo do setor privado e, caso a expectativa positiva não se confirmasse, poderia ser facilmente revertida.

Que tal, então, testarmos essa ideia nos shoppings de Osasco?

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