Um Andarilho desfilando sua Arte de Osasco para o Mundo

Alexandre Frassini Colunistas

O bom de ficar velho é poder contar histórias, vivências, curiosidade e os enredos que o mundo prepara pra gente. Eu tenho várias e gosto sempre de contar por aí.

E uma das coisas que mais me deixa feliz é ver amigos decolando seus trabalhos. Fico feliz pois a maioria conheço desde cedo, vi sua luta, sua dedicação e sua persistência. E eles também conhecem a minha estrada e torcem por mim. É um conceito mútuo.

E Hoje quero contar mais uma. Daquelas que adoro.

Quem me vê hoje encarando o delicioso desafio de escrever para esse importante Jornal, apresentando na TV o Rango do Alê, ou cozinhando com a minha equipe nos eventos ou mesmo tocando com o AllSapão, não imagina que antes de tudo isso acontecer fiz parte do quadro de funcionários de grandes empresas. Trabalhei nas Áreas Financeiras da Consid, Makro, C&A, Protege e no Arcos Dourados, mais conhecido como Mc Donald’s. E é de lá que vai sair essa peculiar história.

A uns 15 anos atrás, estava eu fazendo minhas atividades na área fiscal quando minha chefe Lucrécia, foi nos apresentar um novo funcionário que ia trabalhar no Arquivo Morto do departamento. Seu nome era Carlos, um jovem negro, magro e alto e tímido. Com o tempo fomos nos conhecendo e todos na empresa gostávamos muito dele. Curiosamente com o passar dos anos e algumas mudanças, eu que fiquei responsável por organizar os nossos arquivos e comecei a trabalhar diretamente com ele e foi ai que comecei a enxergar que além de um funcionário dedicado e educado, ele tinha outros caprichos. A Arte pulsava em suas veias.

Poucos dias antes de eu sair da empresa, fomos eu e ele num depósito, procurar umas notas fiscais para uma auditoria. Foram dois dias de trabalho e ali pude conhecer um pouco de seus sonhos. Eu já fazia parte de um grupo musical, o Grava Semente, e ele gostava bastante e queria seguir uma carreira artistica também. Desses dois dias de muito bate papo cultural nas horas vagas, surgiu inclusive uma letra que escrevi inspirado nessas conversas.

Anos se passaram, e fiquei um tempão sem vê-lo. Até que nos encontramos pelas redes sociais e vi que realmente eu tinha razão. Nasceu um grande talento.

Um cantor Irreverente, original, performático e criativo, aquele que usa um sapato no chapéu, talvez para não esquecer de sua caminhada. Um ator versátil, cheio de empatia, flexível e talentoso que dança, canta, emociona e surpreende.

Lembro até hoje o domingo a noite quando estava assistindo ao Fantástico e no intervalo passou um comercial lindo do Banco Itaú, onde um pai Negro cuidava de sua filha com muito amor e ela se tornou uma importante cientista, e construiu um Robô. E o pai já bem mais velho aplaudia e chorava. Eu dei um grito pra minha esposa… “É o Carlos!!!!!” e chorei junto. Foi lindo. Esse comercial ganhou vários prêmios.
E foram vários outros trabalhos comerciais, série na NetFlix, cinema, teatro e este ano, irá estrelar o curta-metragem “Iboru” com produção do rapper Marcelo D2.

Na musica ele dispara como Andarilho Cha, que está lançando seu novo EP autoral “Sem Armas, Com Ideias” com cinco faixas inéditas previstas para serem lançadas ainda neste ano com as musicas, “Cinco Motivos”, “Sem Armas, Com Ideias”, “Neguinho de Osasco” e “Manda Esses Feio Sair do Camarote” e “Meteu o Louco”, musica já disponível na sua página no Youtube. Também fara parte do clipe “Respeito é pra quem tem!”, uma produção musical em homenagem aos 50 anos de Sabotage.

Uns anos atrás tive a honra de tocar no mesmo evento e esse reencontro rendeu um longo abraço e boas risadas. Essa semana li uma bela matéria sobre ele no Portal Terra, escrito por Isabela Alves, que me fez lembrar de varias passagens e inspirar essa homenagem.
E o Andarilho Cha merece todas!

Decola meu amigo! Tô de olho em você!

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