Por: Ataíde Teruel / Deputado Estadual – Podemos
Enquanto você estiver saboreando sua ceia de Natal com seus familiares e amigos, no aconchego de seu lar, quase 20 milhões de brasileiros estarão passando fome. A inflação alta e o desemprego, agravados durante a pandemia, fizeram com que mais e mais pessoas estejam buscando comida preste a ser descartada, para poder alimentar suas famílias. Como exemplo, no Mercado Municipal de São Paulo, os descartes de alimentos, antes procurados por moradores de rua, recebem cada vez mais adultos e crianças famintos. Ossos, pelancas de carne e restos de frutas e legumes são avidamente disputados por pessoas necessitadas, numa terrível condição sub-humana.
Notícias sobre gente desesperada, catando restos no lixo para poder se alimentar e pais e mães presos por roubarem alimentos para dar de comer a seus filhos, viraram rotina em nossa imprensa.
Dados do IBGE mostram que a insegurança alimentar – que é não saber se vamos ter ou não alimento na mesa no dia seguinte – voltou a subir no Brasil a partir de 2014. Segundo levantamento da Rede de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional – Rede Penssan, realizada em dezembro de 2020, a insegurança alimentar atingiu 55% dos brasileiros de forma grave, moderada ou leve.
O caso da mãe de cinco filhos presa acusada de ter furtado dois pacotes de macarrão instantâneo, duas garrafas de refrigerante e um pacote de suco em pó, no total de 21 reais, de um supermercado no bairro de Vila Mariana, em São Paulo, é emblemático. Foi preciso um habeas corpus no Supremo Tribunal de Justiça para determinar sua soltura pelo princípio de insignificância, devido ao baixo valor dos produtos e pela atenuante de estar passando fome.
Panelas e estômagos vazios, olhares perdidos e sem perspectivas, buscando ajuda e amparo do restante da sociedade, nos chocam e nos fazem refletir.
Todos nós, cidadãos e cidadãs, que temos o privilégio de ter o que comer em nossas mesas, não podemos deixar que essa situação continue. Sabemos que a solução definitiva desse imenso problema não é fácil, apesar dos esforços dos governos federal, estaduais e municipais, que tentam minimizar o sofrimento dessas milhões de famílias desamparadas através de ações como o Auxílio Brasil, Bom Prato e Centros de Acolhimento, dentre outras. ONGs, associações assistenciais de bairro, religiosas, empresariais e milhares de brasileiros e brasileiras voluntários, se organizam e fazem o possível para ajudar essa parcela da população que está passando fome.
Porém as pesquisas e estatísticas continuamente divulgadas pela imprensa mostram que todos esses esforços ainda não estão sendo suficientes.
Preocupado com essa situação, faço parte, com outros colegas, da Frente Parlamentar de Combate à Fome, na Assembleia Legislativa de SP. Esta Frente pretende ampliar a discussão sobre métodos que garantam o acesso à alimentação para todos, e enfatiza a importância da participação do Poder Legislativo nesse contexto.
Nesta época natalina, quando cada um de nós está se preparando para as comemorações de final de ano, peço a vocês que estão lendo este artigo e concordem comigo que pensem numa maneira de minimizar a angústia e o sofrimento daqueles que estão passando necessidade e não têm o que dar de comer para seus filhos e filhas.
Se você já participa ativamente em prol desta causa, que tal tentar atrair mais amigos e conhecidos para lutar por ela? Se não, vamos buscar oportunidades para fazer o bem doando mantimentos, roupas e brinquedos, participando de ações sociais e levando um pouco de alegria e esperança para quem se encontra nessa situação.
O nascimento de Cristo é uma boa ocasião para manifestar de fato nossa Fé e nosso amor ao próximo e compartilharmos um pouco do que temos com aqueles que, desafortunadamente, não têm nada, nem mesmo o que comer.