Furto de armas de quartel do Exército em Barueri: o que se sabe e o que falta esclarecer

Cidades

Após o furto das 21 armas do quartel em Barueri, o Exército iniciou a investigação. A tropa de 480 homens está impedida de deixar o quartel desde o dia 10

Por: g1.com

O Exército investiga o furto de 21 armas do quartel em Barueri, na Grande São Paulo, nesta semana. A tropa de 480 militares está impedida de sair do quartel desde o dia 10.

O Exército informou que uma “discrepância no controle” apontou o sumiço das armas: 8 de calibre 7,62 e 13 metralhadoras de calibre .50 – uma das mais potentes armas de guerra. Até a última atualização desta reportagem, não havia informação sobre a localização das armas.

Entenda abaixo o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso:

O que diz o Exército?

Em nota, o Comando Militar do Sudeste confirmou o furto ocorrido no dia 10 de outubro, detectado após uma inspeção do Arsenal de Guerra de São Paulo. Não estavam no quartel de Barueri 13 (treze) metralhadoras calibre.50 e 8 (oito) de calibre 7,62.

De acordo com o Exército, eram “armamentos inservíveis que foram recolhidos para manutenção.” O comunicado diz ainda que “os armamentos estavam no Arsenal, uma unidade técnica de manutenção, responsável também para iniciar o processo de desfazimento e destruição dos armamentos que tenham sua reparação inviabilizada”.

Como é a investigação?

O Exército informou que já “foram tomadas todas as providências administrativas com o objetivo de apurar as circunstâncias do fato, sendo instaurado um Inquérito Policial Militar.” Desde que foi dada a falta das armas, a tropa de 480 homens foi aquartelada com ordem de prontidão. Eles não podem deixar o quartel e os celulares foram apreendidos.

O comando do Sudeste esclarece que os militares não estão presos, apenas alojados e recolhidos para serem ouvidos e que isso é fundamental para a investigação.

Para a reportagem do g1 a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo lamentou o furto das armas e afirmou que, até o momento, a Polícia Civil não foi procurada para registro da ocorrência.

O secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, publicou nas redes sociais neste sábado (14):

“Lamento o furto das 13 armas antiaéreas do Arsenal de Guerra do Exército. Nós da segurança de São Paulo não vamos medir esforços para auxiliar nas buscas do armamento e evitar as consequências catastróficas que isso pode gerar a favor do crime e contra segurança da população.”

Que armas foram levadas?

O Comando Militar do Sudeste (CMSE) informou que foram levadas 8 armas de calibre 7,62 e 13 de calibre .50 – uma das mais potentes armas de guerra e capazes de derrubar aeronaves. Elas têm capacidade de dar 600 tiros por minuto e com alcance de mais de 3,5 quilômetros.

De acordo com informações do jornal “O Globo”, uma metralhadora do tipo custa em torno de R$ 150 mil no Paraguai. Já no mercado clandestino, o valor pode dobrar.

Há outros registros de furtos de armas?

Segundo a Organização Não Governamental Instituto Sou da Paz, entidade que faz análises sobre segurança pública, este foi o maior desvio de armas do Exército desde 2009, quando começaram a fazer esse tipo de levantamento.

Em 8 de março, foram roubados sete fuzis de um posto de sentinela do batalhão em Caçapava, no interior de São Paulo. Na ocasião, o Exército informou que criminosos invadiram o 6º Batalhão de Infantaria Leve, renderam os militares e levaram as armas. Três meses depois, os fuzis foram recuperados e suspeitos foram presos.

Ainda segundo o Sou da Paz, entre janeiro de 2015 a março de 2020, 27 armas do Exército foram roubadas, furtadas ou desviadas no Brasil. Nesse período sumiram 10 fuzis, 9 pistolas, 5 espingardas, 1 submetralhadora e 2 fuzis-metralhadoras.

“O desvio de agora é muito mais grave, não só pela quantidade de armas levadas de uma vez, mas pela potência”, disse Bruno Langeani, gerente da área de sistema de Justiça e Segurança da ONG.

Onde pode ser usado o armamento?

Metralhadoras como as furtadas em Barueri podem ser usadas por criminosos em ataques a carros-fortes e roubos a bancos no país. Elas são armas automáticas capazes de perfurar blindagens.

Segundo Langeani, “o Exército precisará de apoio das polícias para recuperar rapidamente estas armas, identificar e punir os responsáveis, mas principalmente corrigir os procedimentos de guarda, para prevenir outras ocorrências como esta.”

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