Jair da Costa: herói de Osasco e lenda do futebol italiano

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Por Luciano Lub, Francisco Rossi Jr. e Alexandre Frassíni

Jair da Costa é uma verdadeira lenda do futebol, tanto para Osasco quanto para o Brasil e a Itália. Começou sua trajetória nos campos de várzea de Osasco, onde suas habilidades chamaram a atenção da Portuguesa de Desportos. Na Lusa, ele brilhou nas categorias de base e rapidamente subiu ao time principal, sendo peça fundamental no vice-campeonato paulista de 1960. Também fez parte da seleção brasileira campeã mundial no Chile em 1962, uma conquista que, embora não o tenha levado a jogar muitas partidas pela seleção, consolidou seu talento aos olhos do mundo.

Alguns sites afirmam que foi durante uma excursão da Portuguesa que Jair chamou a atenção da Inter de Milão. Porém foi num amistoso da seleção às vésperas da Copa de 62 que Jair impressionou o técnico Helenio Herrera, com muita habilidade e velocidade como ponta-direita. O então técnico da seleção espanhola e da Inter de Milão convenceu os dirigentes italianos a contratá-lo, levando Jair a viver uma nova fase em sua carreira. Na Inter, ele se tornou parte de uma era dourada do clube, ao lado de grandes nomes como Facchetti e Mazzola, sendo peça essencial para o time conquistar duas vezes a Liga dos Campeões da Europa e quatro títulos do Campeonato Italiano. A torcida da Inter o idolatrava por sua agilidade e por representar o estilo único do futebol brasileiro, sendo até hoje celebrado em eventos e homenagens oficiais do clube.

Jair também ajudou a abrir portas para outros jogadores brasileiros na Europa, sendo um dos primeiros a se tornar “herói” fora do país. Mesmo com tanto sucesso no exterior, ele manteve uma vida discreta e sempre mostrou orgulho de suas origens em Osasco. O fato de ter uma quadra de futebol na cidade reflete seu desejo de devolver algo para a comunidade onde começou, inspirando jovens a seguirem seus sonhos no futebol.

A trajetória de Jair é lembrada tanto no Brasil quanto na Itália com muito carinho e admiração. Ele permanece uma figura respeitada e querida por fãs de futebol de várias gerações, deixando um legado que representa o talento, a simplicidade e a lealdade às raízes.

A Quadra de Futebol de Jair da Costa
Quem passa pela Avenida Dionísia Alves Barreto, em Osasco, já deve ter visto uma quadra de futebol próxima ao cruzamento com a Avenida dos Autonomistas. Ali funciona a Escola de Futebol que Jair da Costa abriu na década de 90. Não por acaso, ela tem as cores Azul e Preta, uma homenagem à Inter de Milão.

Rogério da Costa, o filho mais novo de Jair, é um dos que comandam os negócios da quadra. Num bate papo informal, contou algumas experiências interessantes sobre a carreira de seu pai.

Segundo Rogério, Jair da Costa não seria jogador profissional se não fosse um chefe gente boa que ele tinha na empresa em que trabalhava: a Cobrasma. “Quando meu pai foi fazer peneira na Portuguesa, o horário era tipo umas 16h e o expediente ia até as 17h. O chefe do meu pai gostava muito de ver ele jogando e sempre o elogiava, então deu um ‘jeitinho’ para ele sair antes. Se não fosse ele, muita coisa seria diferente”.

Outra curiosidade é que Jair não nasceu em Osasco, mas em Santo André. Porém, veio muito cedo para a cidade onde fincou suas raízes.

O filho Rogério ainda não chegou a ir às festas comemorativas que a Inter de Milão realiza frequentemente para lembrar seus ídolos. Seus irmãos mais velhos é que se revezam como acompanhantes do pai. Ele conta, orgulhoso, que os irmãos sempre se surpreendem com o reconhecimento de torcedores, dirigentes e jogadores. “Meu pai é tratado como um verdadeiro ídolo, eles não esquecem a importância dele para o clube. É impressionante!”

Foi numa dessas homenagens que ocorreu algo curioso: Jair da Costa foi chamado ao gramado, na festa do centenário da Inter, e todos os jogadores foram reverenciá-lo, como Zanetti e Crespo. Porém, um jogador brasileiro o ignorou e nem foi cumprimentá-lo.

Talvez por essa atitude (além dos 7×1 na Copa de 2014), o “Bota Ponta, Telê!” classifica esse jogador como um goleiro nota 5.

Pouca gente se lembra, mas Jair também jogou na Roma por dois anos, antes de voltar para a Internazionale. Jogou também no Santos, ao lado de Pelé. Juntos, conquistaram o último título do Rei pelo alvinegro praiano. Depois disso, foi para o Windsor Star, do Canadá, onde encerrou sua brilhante carreira.

A Trajetória de Jair da Costa
Portuguesa de Desportos, onde jogou pelo juvenil em 1958 e estreou pelo time profissional no ano seguinte;
Seleção Brasileira, onde foi campeão da Copa do Mundo de 1962;
Internazionale de Milão, onde jogou de 1962 a 1972, sendo tetracampeão italiano e bicampeão da Copa dos Campeões;
Roma, onde jogou em 1967–1968;
Santos, onde jogou de 1972–1974, sendo campeão paulista de 1973;
Windsor Star do Canadá, onde jogou em 1975.

Reconhecimento de Osasco
Em 2012, por ocasião do cinquentenário de Osasco, algumas pessoas das mais diversas áreas foram homenageadas pela Prefeitura, por conta de sua contribuição com a história da cidade. Jair da Costa foi uma das figuras do esporte a receber a honraria.
Talvez tenha sido a última vez que o município reconheceu, oficialmente, o valor e a grandiosidade desse osasquense tão importante para o futebol. É triste constatarmos que a cidade de Milão parece celebrar Jair da Costa com mais entusiasmo do que nós, seus conterrâneos… Mas, sempre há tempo para correção de erros e mudança de posturas.

Viva Jair da Costa!

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