
Como gestora pública de saúde, considero fundamental reafirmar o compromisso com as diretrizes nacionais do Ministério da Saúde para o enfrentamento do HIV/Aids. O Brasil tem avançado de forma consistente rumo à eliminação da Aids como problema de saúde pública até 2030, e esse caminho exige responsabilidade, planejamento e ações concretas em cada esfera do Sistema Único de Saúde.
Um dos pilares essenciais dessa estratégia é o fortalecimento da testagem e do diagnóstico precoce. A ampliação do acesso aos testes rápidos e laboratoriais representa uma porta de entrada qualificada para o cuidado, permitindo que as pessoas iniciem o tratamento imediatamente após o diagnóstico. O início precoce da terapia antirretroviral reduz a carga viral, aumenta a qualidade de vida e diminui significativamente a transmissão do HIV.
Outro ponto central é o tratamento universal, humanizado e baseado em protocolos clínicos atualizados. O Brasil é referência por oferecer antirretrovirais gratuitamente pelo SUS, e as atualizações recentes recomendadas pelo Ministério da Saúde reforçam esquemas mais eficazes, seguros e de uso simplificado. Como gestora, valorizo políticas que garantem não apenas o acesso ao tratamento, mas também o acolhimento das pessoas vivendo com HIV, respeitando suas individualidades e fortalecendo a adesão terapêutica.
A prevenção combinada emerge como uma das estratégias mais potentes da resposta nacional. O uso adequado da PEP e da PrEP, somado às ações educativas e de promoção da saúde, amplia as possibilidades de prevenção e coloca a população no centro das decisões de cuidado. A prevenção não é mais vista como um único caminho, mas como um conjunto de ferramentas que se complementam e refletem o avanço da ciência.
Outra agenda prioritária é a eliminação da transmissão vertical do HIV. Essa é uma meta plenamente possível quando fortalecemos o pré-natal, garantimos testagem, tratamento oportuno e acompanhamento adequado das gestantes e dos bebês. Trata-se de uma ação intersetorial que demonstra como o cuidado integral pode transformar realidades e proteger vidas desde o início.
Também é essencial destacar o diálogo contínuo entre gestores, equipes técnicas, especialistas e sociedade civil. O Ministério da Saúde tem promovido encontros e espaços de construção coletiva que permitem alinhar estratégias, compartilhar experiências e aprimorar políticas públicas. A resposta ao HIV/Aids só se sustenta quando construída em rede, com corresponsabilidade e sensibilidade social.
Neste Dezembro Vermelho, mês de conscientização e combate ao HIV/Aids, reforço a importância da educação em saúde, do enfrentamento ao estigma e da disseminação de informações baseadas em evidências. É preciso lembrar que o HIV tem tratamento eficaz, que a vida com o vírus é plenamente possível e que o acolhimento é tão importante quanto a medicação.
Sigo comprometida com essa agenda nacional, atuando de forma integrada e responsável, com o objetivo de ampliar o acesso, fortalecer a prevenção, qualificar o cuidado e garantir dignidade a todas as pessoas. A saúde pública se constrói diariamente — com ciência, humanidade e compromisso com quem mais precisa.
Dra. Simone Neri
Médica Matriciadora de Dermatologia do Município de Osasco

