Um caso de racismo e violência física cometidos por agentes da Via Mobilidade contra o filho de uma associada da Apatej nas dependências da estação Presidente Altino, em Osasco, está sendo investigado pela polícia.
De acordo com o jovem, na noite de 11/10, enquanto caminhava em direção à faculdade em que estuda, que fica nas imediações, foi abordado por um homem e acusado de estar pichando a estação.
Ao negar o delito ouviu do homem que “neguinho favelado não faz faculdade”.
O homem imobilizou o rapaz dando-lhe um “mata-leão”. Da passarela onde estavam ele arrastou o estudante até o hall da estação e ali a violência ganhou proporções ainda maiores.
Dentro da estação os agentes da Via Mobilidade o agrediram e o impediram de chamar a polícia.
Tratado como um bicho
O caso foi registrado no 5º DP de Osasco. De acordo com o Boletim de Ocorrência, os agentes de segurança fizeram um cordão humano em volta do estudante, com a intenção de impedi-lo de fugir do local.
“Eles não me perguntaram nada, me colocaram com os braços para trás, me jogaram no chão e não me deixaram pegar o meu celular para ligar para a polícia”, destacou o jovem.
“O cara podia ter me acusado de qualquer coisa e ninguém ia me ouvir. Eles não me deixaram explicar nada. Me agrediram, ficaram me tratando como se fosse um marginal, como se fosse um bicho”, continuou.
Um dos guardas teria, inclusive, ameaçado matar o estudante se ele passasse de novo por lá. “Vou ter que começar a ir de ônibus para a faculdade porque não quero passar pelas ameaças que já passei, pelo constrangimento, pelas agressões”, finalizou o rapaz.
Ao portal de notícias UOL a ViaMobilidade, responsável pela operação e segurança da estação, negou as agressões.
Repúdio da Apatej
Apatej, na condição de entidade de classe, repudia qualquer tipo de ato de racismo, preconceito e intolerância.
Segundo o presidente da Apatej, Ednaldo Batista, o caso faz coro a milhares de outros que envolvem violência e racismo no país.
Ele destaca ainda que há notícias de outros relatos de truculência e violência por parte dos seguranças da ViaMobilidade.
“Hoje a vítima é esse jovem, mas amanhã pode ser qualquer um de nós. Por isso não podemos admitir esse tipo de comportamento, ainda mais por parte de uma empresa que presta serviço ao Estado”, destaca.
“Não porque o rapaz é filho de uma associada. Mas porque esse tipo de comportamento é inadmissível. É crime. Queremos que o caso seja rigorosamente investigado e, caracterizada a culpabilidade, a Via Mobilidade e seus agressores punidos”, continua Ednaldo.
Protesto contra o racismo
Por meio de sua página no Instagram o Centro Universitário FIEO – Unifieo, onde o rapaz estuda, também se manifestou repudiando o fato e cobrando apuração e punição.
Um ato contra o racismo está marcado para acontecer na próxima quinta-feira, 20/10, às 19 horas na Estação Presidente Altino.
Os servidores do judiciário, integrantes de movimentos sociais, estudantes e membros da sociedade civil como um todo estão convidados.