Bisnetos da última cozinheira do Imperador D. Pedro II moram em Osasco

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Filha de escravos Balbina Rosa nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 31 de março de 1852 e morreu com 118 anos em um asilo em Sorocaba. Dois entre os muitos bisnetos de Balbina residem em Osasco, Carlos Alberto de Camargo e sua irmã Maria Angélica.

Este é um resumo do que foi publicado há muitas décadas na então conceituada revista semanal no país “O Cruzeiro” (1928/1975), mais precisamente na edição do dia 12 de junho de 1969.  “Balbina foi criada nos fundos do palácio real, onde aprendeu a cozinhar e servir seus quitutes ao Imperador D. Pedro II, seus familiares e, em especial à Princesa Isabel, sendo também criada de quarto da princesa. Segundo Balbina, “o Imperador gostava de comer bem e era exigente com a comida. Caso a comida não estivesse boa, ele ficava muito bravo, mas era um homem bom, todo mundo gostava dele”. De acordo com Balbina, o prato preferido de D. Pedro II era peixe que ela sabia preparar de um modo muito especial. O Imperador mandava vir temperos da França e também queijos, doces e vinhos”.  Balbina diz que ela não era remunerada pelos serviços, “davam-me um quarto, roupas e comida. Uma certa vez ganhei um vestido usado da Princesa Isabel. Era uma lindeza, nunca tive outro igual na minha vida. A princesa era muito boa. Bons tempos aquele. Hoje sou enjoada porque sempre vivi do melhor, comendo do bem-bom. Só eu e alguns negros da cozinha tínhamos o direito de comer da mesma comida do Imperador. Muitos ricos da época não comiam como eu. Tempo bom, muito bom”.

Maria Angélica (bisneta), Cibele (tataraneta), Vivian esposa de Carlos Alberto de Camargo (bisneto). Apenas a tataraneta não mora em Osasco

“Até que veio a República e tudo terminou em 15 de novembro de 1889 para quem vivia junto à família imperial. Quando veio a República aparecerem uns homens fardados e falaram que o Imperador tinha que ir embora. Todo mundo ficou triste, os negros choraram. Arrumaram as malas de toda a família, colocaram em um carroção e levaram todos até um navio”. Terminada a época do Brasil Império com a Proclamação da República, Balbina Rosa e seu marido o marceneiro português Joaquim Lopes, mudaram para um bairro afastado na cidade do Rio de Janeiro. Ela continuou a trabalhar como cozinheira em casa de gente rica. Quando seu marido morreu num acidente ela se mudou para São Paulo, onde se casou em Sorocaba. O seu segundo marido, José Caramez Mesquita, chefe de cozinha do Hospital Central do Exército morreu aos 83 anos. Balbina voltou ao Rio onde viveu alguns anos e depois retornou a Sorocaba para morar com uma filha. Aos 116 anos foi internada no Asilo São Vicente de Paulo, administrado pelos vicentinos de Sorocaba. A opção por morar no Asilo foi dela, pois tinha muitos parentes que gostariam de acolhê-la, 8 filhos, dezenas de netos, bisnetos e tataranetos. Com 118 anos, bem vividos, Balbina Rosa morreu.

Homenagem

Em 1965, em um concurso da Folhinha, Balbina na época com 113 anos foi considerada a mãe mais idosa e apontada pela Folhinha como a mãe do ano, sendo homenageada, conforme edição da Folha de São Paulo de 9 de maio de 1965.

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