O município paulista de Indaiatuba sempre se destacou pela excelente qualidade de vida oferecida aos seus 260 mil habitantes. Situada na região de Campinas, a cidade carrega no nome de origem tupi a marca de sua vegetação original no século XVIII: “muitos indaiás” — uma espécie de palmeira. Além da fruticultura e do turismo, Indaiatuba abriga importantes sítios arqueológicos que comprovam a presença humana em seu território há milhares de anos.
Agora, os indaiatubanos têm mais um motivo para se orgulhar: o Esporte Clube Primavera acaba de chegar à elite do futebol paulista pela primeira vez em sua história. A conquista veio após uma campanha espetacular na Série A2 do Campeonato Paulista de 2025, coroando quase um século de luta e paixão pelo futebol.
Fundado em 27 de janeiro de 1927, o Primavera nasceu da fusão entre o Indaiatubano Futebol Clube e o Corinthians Futebol Clube, herdando as cores vermelha, preta e branca. Seu nome homenageia o extinto Sport Club Primavera, o primeiro time da cidade, resgatando a memória esportiva local.
Conhecido como “Fantasma da Ituana”, o clube trilhou sua jornada nas divisões de acesso do futebol estadual, conquistando três títulos do Campeonato Paulista da Série A4 (1977, 1995 e 2018) e um da Segunda Divisão (2001).
Agora, em 2026, o Primavera se junta ao seleto grupo dos grandes clubes paulistas. Esse feito histórico é fruto de uma gestão competente, de um elenco qualificado e do apoio incondicional de sua torcida apaixonada, que transformou cada partida em um espetáculo à parte.
E, como cantaria Tim Maia, em um verso que ecoou das arquibancadas nessa campanha memorável:
“É Primavera! Te amo!”
Grandes jogadores que passaram pelo Primavera
Prestes a disputar pela primeira vez a Série A do Campeonato Paulista, o Esporte Clube Primavera, de Indaiatuba, tem uma longa trajetória no futebol estadual. Ao longo dos anos, o clube revelou e recebeu jogadores que fizeram história no futebol brasileiro, seja no início de suas carreiras ou já em seus últimos anos como profissionais. Entre os nomes de destaque que vestiram a camisa do Fantasma da Ituana, estão:
• Alex: Campeão da Libertadores e do Mundial pelo Internacional, além de conquistar a Libertadores também pelo Corinthians, Alex iniciou sua trajetória no futebol de base do Primavera, entre 1997 e 1999. Curiosamente, antes de se destacar no SESI de Campinas e ser levado para o Primavera, ele fez um teste no Corinthians, clube onde brilharia anos depois, mas acabou reprovado. Atualmente, é comentarista esportivo.
• Corrêa: Volante e lateral-direito que teve passagem marcante pelo Palmeiras nos anos 2000, conquistando a Série B de 2003 e ajudando a equipe a se classificar para a Libertadores em 2004 e 2005. Corrêa começou sua trajetória no Primavera, disputando a Copa São Paulo de Futebol Júnior antes de despontar no cenário nacional.
• Rafael Marques: Atacante com passagens destacadas por Botafogo, Palmeiras e Cruzeiro, encerrou sua carreira no Primavera em 2022, disputando a Série A2 e a Copa Paulista. Na A2, ajudou a equipe a chegar às oitavas de final, sendo eliminado pela Portuguesa, que acabaria campeã. Ao todo, Rafael Marques disputou 20 jogos e marcou 3 gols pelo Primavera.
• Alecsandro: Companheiro de Alex no Internacional campeão da Libertadores de 2011 e de Rafael Marques no Palmeiras campeão brasileiro de 2016, o atacante também vestiu a camisa do Primavera em 2022. No clube, disputou 15 jogos e marcou 5 gols, encerrando sua carreira no Fantasma.
• Django: Talvez o nome menos conhecido pelo grande público, Django é, no entanto, uma verdadeira lenda do Primavera. Maior artilheiro da história do clube, ele é considerado o maior jogador a vestir a camisa do Fantasma. Revelado pelo Ituano, chegou ao Primavera em 1980 e ficou por duas temporadas. Ao longo da carreira, Django passou por clubes como Santa Cruz e Paysandu, somando 349 gols como profissional, sendo 62 pelo Primavera.
• Jacques: Outro desconhecido do grande público mas que entra na lista pela sua importância para o clube. Começou sua carreira nas categorias de base do Nacional, da capital. Depois disso, passou pelo Saad (de São Caetano do Sul-SP), Saltense (de Salto-SP), e Guaxupé (de Minas Gerais) e até chegar no Primavera, onde foi campeão paulista da segunda divisão (atual Série A4) em 1977, e encerrou suas atividades como atleta. Jacques faleceu há um ano, e até o fim da vida foi ligado ao Primavera, e para a torcida também faz parte deste acesso histórico.
Com um passado repleto de talentos e um futuro promissor, o Primavera segue escrevendo sua história no futebol paulista, agora entre os grandes da elite estadual.
Paixão que passa de Pai pra Filho
Desde a infância, Vinícius de Gavira Laureano acompanhava os jogos do Esporte Clube Primavera ao lado de seu pai, Renato Correa Laureano, cultivando uma paixão que atravessou décadas. Juntos, vivenciaram os altos e baixos do clube, enfrentando rebaixamentos e celebrando acessos. Até hoje, pai e filho seguem fiéis ao time, participando de caravanas e compartilhando o mesmo sentimento: o amor incondicional pelo Fantasma da Ituana.
Nesta conversa, Vinícius nos conta sobre a experiência de ser torcedor do Primavera e a importância do clube para Indaiatuba.
A importância do Primavera para a cidade
“O Primavera tem, sim, uma importância para Indaiatuba. Com o acesso à primeira divisão, estaremos, pela primeira vez, na prateleira de cima do futebol paulista. Porém, durante muito tempo, o time e a cidade estiveram um pouco desconectados. Muitos torcedores nem iam aos jogos, e nosso público era baixíssimo, cerca de 100, 150 pessoas. Agora, com o crescimento e a boa fase, parece que as coisas mudaram. Mas, para mim, sempre foi indiferente. Independente da fase, eu estava em todos os jogos, e o Primavera sempre fez parte da minha vida.”
A sensação de subir pela primeira vez na história para a elite do futebol paulista
“Engraçado que estamos vivendo um momento que, para os verdadeiros torcedores, é quase de incredulidade. Parece que estamos vivendo um sonho. Quando subimos da Série B para a A3, foi quase um milagre, e comemoramos muito. Ali parecia ser nosso limite. A cada acesso, olhávamos um para o outro e nos perguntávamos: ‘Olha onde a gente chegou!’. É inexplicável, uma sensação de uma nova fase, que tomara que venha para perdurar.”
Como Vinícius, torcedor, contará esse momento no futuro
“É como um filho ou um grande amigo que você acompanhou em momentos difíceis, não desistiu e começou a colher os frutos da sua persistência. Quem viu o Primavera amargar por anos na ‘Bezinha’ — como chamamos a Segunda Divisão, tamanha a intimidade — e hoje vê onde chegamos, é incrível. Não tínhamos bola, equipamento, torcida, e ver o time chegar à Série A1 é gratificante.”
O momento que representou a virada
“O acesso da Série B para a A3, em 2018, foi muito marcante. Acompanhamos o time em caravanas para Bebedouro, Ribeirão Preto e outras cidades em longas viagens. A final foi contra o tradicional Comercial de Ribeirão Preto. Eles jogavam por dois empates e empataram o primeiro jogo aqui em Indaiatuba. Estavam a um empate em casa para conseguir o título. Eles fizeram 1 a 0 e seguraram o resultado. Nos dois minutos finais, o Primavera fez dois gols e virou. Estávamos em 50, 70 pessoas na torcida, e foi uma comemoração que eu nunca tinha visto. Gente chorando, ligando para parentes, se abraçando, deitada no chão, uma loucura. Um momento marcante nessa trajetória.”
Os principais rivais do Primavera
“Nossos rivais são os times que sempre disputaram as séries com a gente. Aliás, dois deles estão disputando conosco o acesso e poderemos fazer a final: o Ituano e o Capivariano. Não temos rivalidades com Guarani nem Ponte Preta, como os outros times aqui da região.”
Os maiores ídolos do Primavera, segundo Vinícius
“Olha, eu escolho dois que jogaram no mesmo período. O nosso maior artilheiro, Django, sem dúvida, é um dos maiores. Porém, eu coloco outro jogador, pela sua história, pela paixão que cultivou pelo Primavera e pela amizade que criamos: Jacques Santos. Ele se emocionava a cada conquista, e o Primavera sempre o tocava profundamente. Infelizmente, nos deixou há anos, mas está presente conosco nesse momento histórico.”
A cada resposta de Vinícius, percebe-se um tom de emoção e orgulho. O torcedor do Primavera está exatamente assim: apaixonado, orgulhoso, meio que sem acreditar e aguardando com grande expectativa o campeonato paulista de 2026.
Nós, do “Bota ponta Telê!”, parabenizamos o Vinicius, o Seu Renato, a galera da Terror Fantasma, diretoria e toda a cidade de Indaiatuba por essa conquista!
Sejam bem-vindos!!!
Viva o Esporte Clube Primavera!
