CAMPANHA JANEIRO ROXO: Hanseníase persiste como desafio global de saúde, revelam dados recentes

Colunistas Dra Simone neri

Doença crônica e contagiosa que afeta a pele e as células que dão suporte e proteção aos neurônios. O Brasil é o segundo país com maior incidência de casos

A hanseníase, uma das enfermidades mais antigas da humanidade, continua a representar um desafio significativo para a saúde pública em diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil. Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento ao longo das últimas décadas, a doença ainda mantém uma presença marcante em nível global.

De acordo com informações divulgadas, em 2018, a hanseníase permanecia uma preocupação para 22 países, com altas incidências em todo o mundo. A Índia liderava os casos, seguida pelo Brasil em segundo lugar e a Indonésia completando o cenário. No Brasil, entre 2016 e 2020, foram registrados 155.359 novos casos, com maior prevalência entre homens (55,5%) e pessoas pardas (58,9%), principalmente nas regiões Sul e Sudeste. A análise demonstrou que a incidência está correlacionada inversamente com os níveis educacionais, com 40,9% dos casos entre indivíduos com ensino fundamental incompleto.

Os dados de 2020 do Ministério da Saúde revelaram que o Brasil diagnosticou 17.979 novos casos, representando 93,6% do total nas Américas. Essa estatística mantém o país classificado pela OMS como um local de alta incidência da doença, ocupando o segundo lugar no ranking global, atrás somente da Índia. Apesar de uma leve diminuição nos registros nos últimos anos, o Ministério da Saúde suspeita que a redução possa ser resultado da subnotificação durante a pandemia de COVID-19.

De acordo com a dermatologista Simone Neri, a hanseníase é uma enfermidade crônica e contagiosa causada pelo Mycobacterium leprae, que afeta a pele e as células que dão suporte e proteção aos neurônios e sistema nervoso periférico. “A transmissão ocorre predominantemente pelas vias respiratórias com consequências que incluem incapacidades físicas e deformidades que afetam a vida social e psicológica dos pacientes, gerando estigma e preconceito. Essa estigmatização tem raízes históricas antigas, não se limitando apenas às dificuldades físicas”, explica a Dra. Simone Neri.

Campanha Janeiro Roxo: 

A luta contra a hanseníase ainda é um desafio, por este motivo existe o Janeiro Roxo, Campanha do Ministério da Saúde voltada para conscientização e combate à hanseníase. Durante o mês de Janeiro, diversas atividades são realizadas para disseminar informações sobre a hanseníase, seus sintomas, formas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado.

O objetivo é reduzir o estigma em torno da doença, promover o acesso aos serviços de saúde para diagnóstico e tratamento, além de incentivar a busca por ajuda médica ao menor sinal de sintomas relacionados à hanseníase.

“A campanha busca não só informar a população em geral, mas também sensibilizar profissionais de saúde, educadores e autoridades para que haja um diagnóstico mais rápido e eficaz, contribuindo para a redução da incidência e para a melhoria na qualidade de vida das pessoas afetadas por essa condição”, diz a Dra. Simone Neri.

Tratamento:

Segundo a Dra. Simone Neri, o tratamento da hanseníase geralmente envolve o uso de antibióticos específicos para combater a infecção causada pela bactéria Mycobacterium leprae. A duração e o tipo de tratamento podem variar de acordo com a forma clínica da doença, sendo classificada em hanseníase paucibacilar (PB) e multibacilar (MB).

“A Hanseníase Paucibacilar (PB) é o tipo menos grave e pode ser tratado com uma combinação demedicamentos, que são administrados durante seis meses a um ano. Já a Hanseníase Multibacilar (MB)é um tipo mais grave e seu tratamento precisa de mais medicamentos e um período de um a dois anos. Esse tratamento é oferecido gratuitamente pelos serviços de saúde e é crucial segui-lorigorosamente para garantir a eliminação da bactéria, prevenir resistência aos medicamentos e reduzir o risco de complicações. Além da terapia medicamentosa, também é fundamental monitorar regularmente a pessoa em tratamento para avaliar a melhora clínica, identificar possíveis efeitos colaterais dos medicamentos e oferecer apoio para lidar com possíveis consequências físicas, emocionais e sociais da doença”, finaliza a Dra. Simone Neri

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