Na manhã de terça-feira (dia 8), o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Barueri (Cetas), que pertence à Secretaria de Recursos Naturais e Meio Ambiente (Sema), realizou a repatriação de 20 animais para a cidade de Porto Alegre (RS).
Dentre os animais repatriados estão oito aves, entre elas cardeais e bicos-duros, e 12 tigres-d’água-de-orelha-amarela, oriundos do sul do Brasil. As espécies deram entrada no Cetas entre os anos de 2018 e 2022, vítimas de tráfico. A prática criminosa corresponde a 85% das entradas no Centro.
O tempo médio de recuperação desses animais girou em torno de 12 meses. No mês passado, deram entrada no Centro 177 espécies. As repatriações ocorreram duas vezes este ano. Já com relação as solturas, foram 84 animais que ganharam a liberdade só no mês passado.
A bióloga do Cetas, Erika Sayuri Kaihara, explica o risco que o tráfico de animais silvestres acarreta à fauna brasileira. “O tráfico de animais silvestres contribui para a diminuição da variabilidade genética das espécies, uma vez que estima-se que cerca de 38 milhões de indivíduos são retirados da natureza todos os anos. Interferindo também na variabilidade da flora, pois muitos dos animais traficados são importantes dispersores de sementes ou agentes polinizadores. Outro fator importante que abrange todos os tipos de tráfico é a ausência de contribuição fiscal e arrecadação de impostos. Estima-se que o tráfico de animais silvestres brasileiros movimente cerca de R$ 3 bilhões por ano, prejudicando seriamente a economia do país”, aponta a especialista.
Erika ressalta que a população pode ajudar a combater essa prática com atitudes muito simples. “A população deve se conscientizar de que esse tipo de animal não se adapta facilmente a uma vida em cativeiro. Entretanto, caso haja interesse em adquirir esse tipo de animal, é importante saber que o animal silvestre deve ser obtido de forma legal, ou seja, deve ter anilha ou microchip de identificação e nota fiscal de criador licenciado com registro ativo no órgão ambiental competente”, ensina.