A expressão clássica divide et impera significa “divide e impera” ou “dividir para governar”. Trata-se de uma expressão antiga, utilizada pelo imperador romano Julio Cesar (49 a.C.) para definir uma estratégia de guerra que visava enfraquecer e subjugar o inimigo. A mesma estratégia já havia sido sugerida pelo general e filósofo chinês Sun Tzu (500 a.C.), na obra “A arte da guerra”, onde dizia: “use o inimigo para derrotar o inimigo, para se tornar poderoso em qualquer lugar.” Mas foi Nicolau Maquiavel, no início do Século XVI, na obra “O príncipe”, quem ajudou a difundir essa ideia. Para Maquiavel “os fins justificam os meios” e, portanto, qualquer método – lícito ou ilícito, moral ou imoral – poderia ser usado para se atingir o objetivo.
A estratégia de “dividir para governar” está presente em nossas relações sociais muito mais do que imaginamos. Semear a discórdia entre os adversários como meio para derrotá-los tornou-se um método padrão – ainda que imoral – na guerra pelo poder.
Sabemos que “todo reino dividido contra si mesmo será destruído. Toda cidade, toda casa dividida contra si mesma não pode subsistir” (Mt 12,25). O problema ético aparece quando, na busca pelo poder passamos a ser o incitador da divisão alheia para a conquista do poder. O “poder” quando visto como “fim” e não como “meio para a realização do bem”, acaba sendo objeto de disputas onde toda estratégia é válida, mesmo que seja imoral. Eis o problema.
Embora essa estratégia seja presente nas diversas relações humanas, na política é onde ela mais se evidencia. É lamentável perceber que não são poucos os que enxergam na “divisão da sociedade” o caminho para a conquista ou manutenção do poder. A ambição pelo “poder como fim” leva os maus políticos a adotarem essa estratégia para impedir que pessoas de bem se unam na política.
Uma cultura da divisão foi implantada em nossa sociedade. Surgem todos os dias, sobretudo nas redes sociais, pessoas ou grupos que, pleiteando chegar ou se manter no poder, comportam-se de modo agressivo, extremista e maquiavélico. Provocam o conflito e jogam uns contra os outros, político contra político, político contra religião, religião contra religião, população contra a política. Dividir a sociedade é um caminho que serve apenas para prejudica-la ainda mais.
Se a política existe para o bem comum e é um instrumento necessário para ordenar uma boa sociedade, resta-nos apenas fazer da política um caminho de unidade. A divergência de ideias não é um problema. Ao contrário, ela nos ajuda na busca da verdade e do bem. O problema está na divisão e no ódio entre as pessoas e grupos. Não é no conflito nem na guerra, mas na unidade e no consenso que se encontra o caminho para uma sociedade fraterna.
O mal está organizado – até o crime é organizado! –, mas as pessoas de bem ainda estão divididas e separadas. Mesmo quando praticam o bem, o fazem isoladamente. Se existe uma saída para nossa sociedade, ela se encontra na unidade das pessoas, dos grupos e instituições. É na unidade que o ser humano se realiza, cresce e se transforma. Limitado que somos, temos a necessidade um do outro para nos realizarmos como pessoas humanas. Eu acredito no caminho da unidade!
Parabéns pelo discernimento clareza e coloção !
Exatamente a sombra desta vida de aprendizado humano é um treinamento para vida vindoura !
O amor pode construir o ódio semeia derrota!