Vou aproveitar esse espaço para o que chamo de “devaneio urbano”, embora boa parte dessa divagação não seja necessariamente uma fantasia, pelo contrário. Gosto do termo porque me permite pensar com liberdade acerca do território em que estamos inseridos e não faltam motivos, principalmente em Osasco, para analisar, questionar e trabalhar a imaginação do ponto de vista da ocupação do solo. Isso inclui desde grandes intervenções urbanas até um projeto de alcance local ou regional. Veja, por exemplo, a unidade do CEU José Saramago, no Jd. Santo Antônio, zona sul. Localizado em uma quadra ladeada pelas avenidas Internacional e João de Andrade, está em esquina conhecida e valorizada. Para além da discussão se o projeto arquitetônico agrada ou não, se o funcionamento é bom ou ruim, ou se a manutenção está ou não em dia, é indiscutível que se trata de um equipamento importante. Ele centraliza várias atividades e democratiza o acesso de públicos diferentes a serviços importantes. Escola, teatro, ginásio poliesportivo e piscina, dentre outros espaços, compõem o leque de equipamentos à disposição da população. Minha divagação, entretanto, tem relação com sua inserção em um terreno que, da forma como hoje se apresenta, o aperta, comprime e impede sua “respiração”, se é que você, leitor, me entende. Cercado de outras edificações residenciais e comerciais, o prédio imponente está estrangulado e parece pedir socorro para poder respirar, ventilar e aparecer. Sim, um equipamento público dessa envergadura deveria ser o único protagonista naquela quadra. Sua importância e as atividades ali desenvolvidas exigem maior espaço para a circulação de pessoas, para estacionamento de usuários e para a arquitetura aparecer. Da forma como está falta harmonia urbanística. E não procure culpados para tal situação, mania comum de muitos. O CEU foi concebido para ocupar todo o espaço antes disponível e, a bem da verdade, ainda faltou área para todo programa definido. Uma nova etapa, em minha singela opinião, precisa começar ou ser planejada – a liberação dos terrenos ao redor do CEU Saramago. O assunto é delicado porque envolve a desapropriação de áreas particulares, mas é inevitável, para o bem da coletividade. Bom, como disse no início do texto, esse é apenas um “devaneio urbano”.