Não se trata apenas de motivação, trata-se de superação. No geral, a imprensa destaca o aspecto folclórico da seleção do Quênia, a carência esportiva do país e, por fim, que as atletas são alegres e que têm dança para qualquer momento. Tudo isso é fato, mas não é tudo.
Só quem conhece a história dessas meninas e todos desafios que ainda enfrentam em nome do vôlei, entende o valor que elas dão a cada dia de treino e a cada set jogado.
Isso porque elas acabam representando a luta feminina – o Quênia tem um alto índice de violência contra a mulher e cerca de 40% dos assassinatos são cometidos por parceiros; pesquisa nacional aponta que uma em cada quatro mulheres é vítima de violência.
Mas está em andamento um trabalho muito forte contra esse sistema e vários países africanos, Quênia incluído, estão em cooperação para que esse estado de violência contra a mulher seja banido até 2030.
As ocorrências domésticas marcam o perfil coletivo do feminino queniano numa sociedade com tensões políticas importantes. Então, quando uma menina decide pelo esporte, sabe que a escolha agrava barbaridade todos os desafios e que terá que enfrentar leões famintos.
As Rainhas Africanas que desde o final de junho estão em Osasco, nesses dois meses de apronto para o Campeonato Mundial falam dessa superação porque são campeãs fora das quadras – todas têm histórias de batalhas insanas até o sucesso. Sim, elas representam a força da mulher queniana e sabem que são espelho para milhares de meninas que sonham com o vôlei no país.
Certo, Osasco tem a ver com esse momento de conquistas da seleção por sediar o camp para o Mundial e por ter no comando o próprio técnico do vôlei da casa, Luizomar Moura.
Lembrando, ele assumiu o projeto para a Olimpíada de Tóquio e agora tem o Mundial. No planejamento para esse segundo desafio, Luizomar cravou camp de dois meses em Osasco – objetivo realizado em altíssimo padrão e que está sendo finalizado.
Até o fechamento desta matéria a seleção aguardava liberação dos vistos para Sérvia, onde fechará o camp rumo ao Mundial a partir do dia 23 nos Países Baixos e na Polônia. Com os vistos liberados a seleção retorna para o Quênia, tempo contado para as atletas curtirem um pouco os familiares – o embarque para a Sérvia está previsto para dia 12. Sim, as Rainhas Africanas despedem-se de Osasco: se não estiverem embarcando nessa sexta-feira, as possibilidades ficam para o fim de semana ou para o começo da seguinte.
Na Sérvia, o técnico Luizomar fará o apronto final com dois amistosos, em seguida parte para o Mundial onde forma o Grupo A com Países Baixos, Itália, Porto Rico e Camarões.