Especialista do CEJAM responde às principais dúvidas sobre a doença, que vem preocupando a população brasileira
Por: Mayara Neri
Com o aumento dos casos de febre maculosa e de óbitos decorrentes da doença, acendeu-se um alerta não apenas no Estado de São Paulo, mas em todo o Brasil. Nos últimos dias, a febre maculosa ganhou destaque após a confirmação das mortes de quatro pessoas que estiveram na Fazenda Santa Margarida, localizada em Campinas, no interior paulista.
O quadro, comum em áreas rurais, especialmente em locais com mata e vegetação, é causado pela bactéria Rickettsia rickettsii e transmitido pela picada do carrapato-estrela, artrópode que costuma ser encontrado em capivaras, cavalos e animais de pasto.
Alguns sintomas, como dor de cabeça, dor no corpo, dor abdominal, vômito, febre, possíveis áreas de sangramento e aparecimento de pequenas manchas vermelhas no corpo, podem ser indícios da doença e precisam ser analisados com atenção. Se não tratada rapidamente, a enfermidade pode resultar em taxas de mortalidade superiores a 50%.
A infectologista Tassiana Rodrigues Galvão, do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, destaca que, apesar dos riscos, a doença tem um tratamento relativamente simples e econômico, através do uso de antibióticos. Portanto, a cura é possível quando se tem um diagnóstico preciso e rápido.
Ainda existem diversas dúvidas entre a população em relação ao tema. Pensando nisso, a especialista respondeu a alguns dos mitos e verdades mais comuns sobre a febre maculosa. Confira abaixo:
Todo cavalo ou capivara tem carrapato-estrela e pode transmitir a febre maculosa?
Mito! Nem sempre esses animais terão o carrapato-estrela e, se tiverem, nem sempre esses carrapatos estarão infectados pela bactéria também. De qualquer forma, eles são considerados os principais hospedeiros da doença, então, é preciso cuidado.
A febre maculosa pode ser transmitida de pessoa para pessoa?
Mito! A febre maculosa só pode ser adquirida através da exposição à picada do carrapato-estrela, infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii. Somente o carrapato infectado é capaz de transmitir a doença, ou seja, ela não é transmitida de pessoa para pessoa.
Os homens são os mais atingidos pela doença?
Verdade! Apesar de atingir diferentes pessoas, a incidência maior é em homens adultos, pois são os que mais costumam frequentar regiões de mata e, muitas vezes, também trabalham nestas áreas.
Crianças e idosos sofrem mais com os sintomas de febre maculosa?
Verdade! Pacientes imunossuprimidos, crianças, idosos e transplantados correm maiores riscos, pois possuem um sistema imunológico mais frágil.
Usar repelente ajuda a prevenir a ocorrência da doença?
Verdade! O uso de repelente é uma maneira de proteção, pois nele contém uma substância conhecida como DEET (N-N-dietilmetatoluamida), que previne a picada do carrapato-estrela.
Ao perceber um carrapato-estrela no corpo, deve-se espremê-lo até matá-lo?
Mito! Se encontrar um carrapato aderido ao corpo, remova-o com uma pinça. Não aperte ou esmague o carrapato, mas puxe-o com cuidado e firmeza. Depois de remover o carrapato inteiro, lave a área da mordida com álcool ou sabão e água. Quanto mais rápido você retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença.
A febre maculosa pode causar confusão mental?
Verdade! Em casos mais graves, a infecção pode evoluir para complicações como sangramentos e encefalites, que podem causar confusão e outras alterações neurológicas.
A febre maculosa pode deixar sequelas?
Verdade! Além do risco de óbito, a doença pode deixar sequelas no sistema motor e neurológico. Isso varia de acordo com a rapidez do tratamento.
Existe teste rápido para identificar febre maculosa no Brasil?
Mito! Ainda não existe teste rápido amplamente disponível para identificar a doença. No momento, o diagnóstico inicial é feito em consulta, para agilizar os cuidados, e, posteriormente, é confirmado por meio de exames clínicos.
Atualmente, existe vacina para febre maculosa disponibilizada pelo SUS?
Mito! No passado, já houve uma vacina para febre maculosa, porém, estudos de efetividade demonstraram que os resultados não eram tão positivos e que existiam diferentes efeitos colaterais.
Gatos e cachorros podem ter carrapato-estrela?
Verdade! Há chances desses animais serem infectados, principalmente quando vivem em fazendas, sítios e áreas de matas. Porém, os riscos são baixos, porque os carrapatos encontrados na maioria dos cachorros e gatos não costumam ser do tipo estrela.
Sobre o CEJAM
O CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos. Fundada em 1991, a Instituição atua em parceria com prefeituras locais, nas regiões onde atua, ou com o Governo do Estado, no gerenciamento de serviços e programas de saúde nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Itu, Osasco, Campinas, Carapicuíba, Franco da Rocha, Guarulhos, Santos, São Roque, Francisco Morato, Ferraz de Vasconcelos, Peruíbe e Itapevi.