Enterrado não dá voto

Colunistas Oscar Buturi

Uma das áreas mais importantes para o desenvolvimento de um país é o saneamento básico, conceito relacionado ao abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto, drenagem de águas pluviais, e coleta e destinação adequada de lixo. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), dado estatístico criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é definido por critérios que incluem a saúde, setor diretamente afetado pelo saneamento básico. O governo brasileiro, através da Fundação Nacional da Saúde (FUNASA), costumava dizer que a cada real investido em saneamento básico, quatro eram economizados em tratamento de doenças causadas pela ausência de tratamento de água e esgoto. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, afirma que cada real aplicado em saneamento básico gera economia de nove reais na saúde pública. Segundo o Instituto Trata Brasil, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, mais de 35 milhões (16,7%) de brasileiros não têm acesso ao abastecimento de água tratada. Os dados também apontam que mais de 100 milhões (48,08%) de habitantes não são atendidos com coleta de esgoto. Nas 100 maiores cidades do país, mais de 3,5 milhões de pessoas despejam esgoto irregularmente, mesmo tendo redes coletoras disponíveis. Ainda de acordo com o Instituto, cerca de 13 milhões de crianças e adolescentes não têm acesso aos serviços de saneamento básico, sendo que 3,1% não têm sequer sanitário em suas casas. A realidade, evidentemente, varia de acordo com a região e, mesmo, com o município. As desigualdades sociais ficam claramente reveladas no extenso território nacional. Apesar da relevância do tema, é intrigante notar como ele é pouco lembrado em campanhas eleitorais, como a atual. E quando vem à tona, é impressionante a falta de conhecimento por parte de muitos postulantes aos cargos em disputa, incluindo o da presidência. Algumas respostas chegam a produzir vergonha alheia diante de barbaridades que são proferidas sem o menor constrangimento. O investimento no setor é fundamental para o desenvolvimento do país e deveria estar em destaque nos discursos, planos, projetos e ações de governo. Infelizmente, também é comum ouvir que saneamento básico não dá visibilidade porque fica enterrado e, consequentemente, não gera votos. Logo, deixa de ser prioridade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *