Na sessão ordinária desta terça-feira, 14, da Câmara Municipal de Osasco, os vereadores aprovaram Moção de Aplausos ao então vereador Rogério Santos (MDB), que participava da sua última sessão no legislativo osasquense, acompanhado da esposa Edna Santos, já que nesta quarta-feira, 15, irá tomar posse como deputado estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo.
A Moção apresentada pelo vereador Josias da Juco parabenizando Rogério Santos, além do autor, a maioria dos vereadores da Casa de Leis, fez questão de se pronunciar sobre o vereador que fez história na Câmara e que certamente o fará na Assembleia Legislativa, entre eles, as vereadoras Elsa Oliveira, Lúcia da Saúde, Cristiane Celegato e Ana Paula Rossi e os vereadores, Ralfi Silva, Délbio Teruel, Paulo Júnior, Julião, Pelé da Cândida, Zé Carlos Santa Maria, Batista Comunidade, Eron, Michel Figueredo e o presidente Carmônio Bastos.
Após a aprovação da proposta, como não poderia de ser, Rogério Santos fez um discurso emocionante que terminou em lágrimas ao se referir à amada esposa, aos filhos e netos.
O discurso pelo conteúdo e propostas de um político com P maiúsculo, coisa rara hoje nos dias atuais, vislumbram que nem tudo está perdido, ainda há luz depois do túnel.
Na sequência, o vereador Rogério Santos leu a sua Carta de Renúncia ao cargo pelo qual foi reeleito em 2020 para o quadriênio 2021/2024. Osasco fica sem o ilustre vereador mas a cidade, a região e o Estado de São Paulo ganham a partir de amanhã, 15, com o deputado estadual Rogério Santos.
Leia na íntegra o discurso de Rogério Santos, em sua última sessão como vereador de Osasco:
“Excelentíssimo sr. presidente e nobres edis que compõem a XV Legislatura da Câmara Municipal de Osasco, é chegada a hora de fazer uso desta tribuna pela última vez como vereador desta Casa Legislativa, lugar onde os rumos de nossa Cidade são decididos por representantes escolhidos democraticamente pelos munícipes.
Tenho por esta Instituição um respeito reverencial. Sempre o tive e continuarei tendo porque, nós, agentes políticos e demais servidores que aqui se dedicam, somos colaboradores passageiros. A Instituição Câmara Municipal será sempre maior que os nossos planos individuais, ainda que grandiosos, pois ela é o instrumento político que dá condições para que as ideias, projetos de lei e ações legislativas possam acontecer.
Tenho consciência que não correspondi à altura da exigência dessa Instituição, mas espero ao menos ter colaborado com a sua missão de servir ao nosso povo.
Na primeira vez que fiz uso da palavra nessa tribuna – era o dia 09 de fevereiro de 2017 – falei das bases sobre as quais estariam fundadas minha vida pública. Disse que três princípios fundamentais me sustentariam e guiariam. Em primeiro lugar a verdade, “porque a verdade exige de nós coerência entre o discurso e a prática.” Mais que grandes projetos de lei, a sociedade espera de nós políticos a coerência entre o que falamos e o que fazemos, entre o que prometemos e o que realizamos, entre a propaganda política e a vida real, onde vive e sofre a nossa gente. A coerência revela o caráter da pessoa humana. E é “a verdade” o fundamento sobre o qual se constrói uma sociedade duradoura. A ausência da verdade, mais cedo ou mais tarde, faz desmoronar os grandes castelos da vaidade humana, porque foram construídos sobre a areia da mentira e das frágeis ideologias. A verdade nos blinda. A verdade nos protege. A verdade é a força que nos torna livres para agir politicamente.
Naquela mesma ocasião falei também que seria sobre o princípio da justiça que me esforçaria para viver. Justiça é “dar a cada um o que lhe é devido”. Mais que exigir a justiça para alguém ou “de alguém”, esforcei-me primeiro para viver com justiça a responsabilidade que me fora confiada pelos eleitores. De nada me apropriei além do subsidio que me era de direito. Para os injustiçados e desatendidos pelo poder público, esforcei-me para garantir-lhes seus direitos, com a consciência e lamento por, nem sempre, ter conseguido o êxito esperado. A justiça não é o elemento prioritário da politica, mas do direito. Compete ao Direito a última palavra (humana) sobre justiça, mas cabe a política elaborar leis justas que possibilitem o exercício do direito.
Por fim, naquele primeiro discurso, falei sobre o princípio da caridade – do amor. E, “aqui sim”, encontra-se o fundamento da política. A caridade se manifesta num amor prático que se doa ao outro, que não busca o próprio interesse (como escreveu o Apóstolo Paulo!). Foi o amor, o amor a Deus e à pessoa humana que me trouxe para a política. Foi esse amor que me deu forças para permanecer firme nos muitos momentos de dificuldades que vivi durante este tempo como vereador; foi o amor que não me deixou revidar quando fui exposto nas redes sociais, caluniado, zombado e ignorado em algumas propostas.
A política não pode ser um campo de guerra onde o outro é um inimigo a ser vencido. A lógica da guerra é incompatível com a política. A divergência de opinião não pode levar-nos a conflitos e divisões. A politica é o instrumento que temos para transpor nossos interesses pessoais e construir o bem comum. Somente nessa lógica do respeito e do diálogo se pode construir uma sociedade melhor.
Foi sobre os valores da vida, da dignidade da pessoa humana e da defesa da família que procurei promover minha caminhada política e assim continuarei. Esforcei-me para promover a vida, desde o nascimento até a morte natural. Acredito e trabalho para promover a dignidade da pessoa humana. A pessoa humana, seja ela quem for, não importando raça, sexo, cor, crença ou condição social, deve ter garantido pelo Estado o seu direito de viver dignamente. Fiz da família, não a minha bandeira – porque não sou adepto de bandeiras políticas – mas o meu fundamento na política. Eu acredito na família! Acredito que a família é a base de tudo e é sobre ela que devemos continuar edificando nossa sociedade. As narrativas que tentam destruir a família não podem prevalecer sobre a verdade. A família é a principal Instituição, a célula mater da sociedade. Neste momento sombrio da humanidade, devemos nos unir pela família, porque é ela a única instituição indispensável para a sociedade humana.
Sr. Presidente, nestas minhas últimas palavras, eu poderia aqui enumerar algumas conquistas de nossos dois mandatos. Mas, prefiro apenas agradecer àqueles que tornaram tudo isso possível.
– Em nome da ABRAAC (todas as entidades), pelos passos dados na conquista de direitos para as pessoas autistas de nossa Cidade;
– Agradeço ao Prefeito Rogério Lins que, desde o início, acreditou em meu trabalho e me deu condições para aprovar e implementar políticas públicas ao longo destes anos
– Aos membros do executivo (secretários e servidores), que foram sensíveis às nossas demandas e, na medida do possível, atenderam nossas solicitações;
– Às entidades e associações do nosso Município (ACEO – Dr. Amir, Sinhores – Edson Pinto, AEO – Leandro Fogaça), pela parceria nas reflexões e propostas para o desenvolvimento da Cidade
– À OAB ( Dra. Maria José Bonetti), presidente da 56ª subseção de Osasco, pela presença e orientações
– A Ordem dos Emancipadores (Lázaro Suave, Geraldo Setter) que junto com a Frente Parlamentar Nossa História me fizeram amar ainda mais nossa querida Osasco, minha Cidade Natal.
– A Igreja Católica Apostólica Romana, a quem sou grato pela formação religiosa que recebi e a qual peço perdão se não fui capaz de testemunhar na política a doutrina que nela tenho aprendido.
– À Comunidade Kénosis e a Renovação Carismática Católica, de onde vem a graça espiritual que me mantém motivado no serviço ao próximo
De modo muito especial, meu respeito e admiração pelos servidores/colaboradores que tornam possível nosso trabalho aqui nesta Camara Municipal:
– Os diversos departamentos, cerimonial, procuradores, comunicação, equipes de copa, limpeza, segurança, manobristas, etc…
– À imprensa da Cidade e região, meu agradecimento por me ajudar a dar publicidade aos nossos atos em favor do povo.
– Aos Deputados Reinaldo Alguz, meu líder na política, e Enrico Misasi, líderes no Projeto político que me trouxe até aqui.
– Assessoria: Ednei, Miguel, Juninho, Márcio, Flávio, Flávia, José Elison, Elton, Mario Chiba, Francis, Adilson, Renata, Ronan – especialmente ao Bognar
Família: Edna – eu sei que não foi fácil pra você e para os nossos filhos. Obrigado pela compreensão nestes 6 anos. Perdoe-me pela ausência deste tempo. Amo muito você! Amo muito nossa família!
Toda minha gratidão à Deus por ter me sustentado nessa caminhada até aqui e pela certeza que tenho de que é Ele quem está agora me levando para este novo desafio como Deputado Estadual.
Aos colegas vereadores, peço perdão por minhas falhas e agradeço pelo aprendizado deste tempo.
Antes do meu último ato nesta casa de Leis, gostaria de desejar ao Rodrigo Gansinho, meu suplente que assumirá essa cadeira de vereador, todas as bênçãos de Deus e a sabedoria necessária para bem conduzir ao seu mandato. (Já disse pessoalmente e agora o faço publicamente, se julgar conveniente, estarei disponível para ajuda-lo em sua missão aqui. Peço aos colegas que o acolham com o mesmo respeito que tiveram para comigo)
Ao terminar aqui minha fala, presidente, devo agora ler, assinar e entregar a minha renúncia, cumprindo assim o protocolo desta Instituição.
Que Deus abençoe a todos e à nossa Cidade de Osasco, Cidade da Família!”
