“Não seria burra para fazer isso”, diz Tandara em primeira entrevista após  Jogos Olímpicos

Destaque Esportes

A Jogadora da Seleção Brasileira Tandara Caixeta concedeu a primeira entrevista após a OlImpíadas de Tóquio à Vogue.

Tandara estava prestes a jogar a semi final de vôlei pela Seleção Brasileira quando recebeu a notícia de que não participaria mais das Olimpíadas, em Tóquio. Um exame antidoping detectou a presença de ostarina, substância que dá ganho de massa muscular, no corpo da atleta. “Meu mundo caiu. Me senti completamente sem chão. É surreal. Não consigo descrever a sensação, mas o sentimento é muito ruim e, de verdade, não gostaria de passar por isso novamente. Não desejo a ninguém”, diz em entrevista exclusiva a Vogue Brasil.

Segundo a defesa de Tandara, a contaminação foi acidental e uma contraprova deve sair em breve. “Eu não ingeri nada. Tenho minha consciência tranquila que em nenhum momento eu me prejudicaria. São 18 anos como atleta profissional. Então, acredito que a justiça vai ser feita de alguma maneira e que vai realmente provar que sou completamente inocente nisso”, garante a atacante. “Não arriscaria minha carreira por uma imbecilidade dessas. Não seria burra para fazer isso. Acredito que a justiça vai ser feita.”

Incrédula, Tandara foi levada para uma sala em outro andar do hotel onde estava hospedada na Vila Olímpica e, a partir dali, não veria mais suas companheiras da seleção. Aos prantos, ela recebeu o respaldo do técnico José Roberto Guimarães. “Ele foi a primeira pessoa que disse que confiava em mim. Se eu estava falando que não faria nada para me prejudicar, ele acreditou e ficou do meu lado”, conta.

Tandara relembra que a partir da suspensão não teve a oportunidade de se despedir e lamentou por não ter conseguido registrar os momentos que achava que teria. “Sabe quando te arrancam um pedaço? Foi o que senti naquele momento. E então me falaram que eu teria duas horas e meia para arrumar as malas e vir para o Brasil, porque eu tinha um prazo para juntar a minha defesa. Foi complicado porque parecia que eu era uma criminosa. Totalmente afastada. Uma hora eu estava com o grupo, meia hora depois tinha sido arrancada daquele espaço. Não podia mais ver ninguém, fazer nada. Me sinto frustrada por causa dos planos.

“Não consigo olhar o rolo de câmera porque minhas últimas fotos não eram planejadas. A forma que aconteceu a minha saída me preservou por um lado, mas me agrediu por outro porque me senti como uma criminosa. É muito estranho. Queria ter voltado e sido reconhecida pelo meu trabalho, não por esse fato.  Isso me entristece bastante. Ao mesmo tempo tem uma torcida muito grande. Nem sabia que teria. Vai passar e não tenho dúvida de que será resolvido”, continua.

Mesmo acreditando, o técnico deixou claro que Tandara precisaria provar sua inocência. Atualmente, ela recebe mensagens de suas colegas de equipe como Camila Brait e Adenizia da Silva. “Elas são fundamentais para mim porque se preocupam comigo nesse dia a dia. Perguntando como está a minha rotina, a da Maria Clara. É uma força que está sendo muito importante para mim.”

Um processo sobre o caso segue em segredo de justiça e Tandara sofre com ansiedade devido ao nervosismo que o assunto traz. “Ontem mesmo foi um pico porque fiquei nervosa porque ia falar sobre isso. Chorei desenfreadamente. Ainda tenho meus picos quando estou sozinha e me pego chorando. É um momento muito delicado e difícil também. A cabeça fica a mil. Sou muito forte, mas no momento não. Essa ansiedade gera frio na barriga e vira esses lapsos de desespero. Me senti envergonhada por algo que nem fiz. Confio na justiça e que tudo vai ser resolvido da melhor forma”, reflete.

Após o retorno, Caixeta viu a seleção brasileira ganhar da Coreia do Sul na semi final e ficar com a prata nos Jogos Olímpicos. “Até me emociono porque foi  um dos momentos mais difíceis para mim. Trabalhei cinco anos para estar lá. Então ver a final do jeito que foi. Sabíamos da grandeza dos Estados Unidos…e eu falo como se estivesse lá, porque fiz parte. Lá só tinham 11 atletas e 11 medalhas. Doeu muito, mas acredito que tudo acontece com o permitir de Deus. Tem um propósito nisso. Fica um pouco de tristeza, mas fico feliz pela campanha que fizemos. Chegamos desacreditadas e estávamos no pódio. Essa é a maior recompensa.”

Do lado dos fãs de esporte, Tandara tem recebido bastante apoio. “Acredito que há males que vêm para o bem. Mesmo com um furacão passando, sinto que já já ele sai da minha vida. Venho recebendo inúmeras mensagens de muito carinho, de pessoas que nem me conhecem e sequer ouviram meu nome. Muita mensagem positiva. Descobri que sou bem quista e que a maioria das pessoas gosta de mim e torce para o meu sucesso. O meu coração transborda de gratidão por esse carinho todo.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *