O Caminho dos Campos: Marcello Marelli

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Por: Giane Vieira*


Para quem acha que vida de técnico de futebol é fácil, certamente não conhece a rotina e a trajetória para alcançar o almejado.


Além dos estudos, pressão da diretoria, torcida e imprensa o caminho para chegar em um grande clube ou da seleção brasileira é longo. Seja com admiração ou críticas inflamadas, para o técnico estar em evidência é preciso percorrer um longo caminho.


Um dos protagonistas brasileiros é o treinador Marcelo Marelli, que aos 41 anos, comemora 19 anos de atuação. Para quem não conhece sua trajetória iniciou a carreira como jogador da base, mas como não conseguiu o protagonismo esperado saiu de cena em 2000 para estudar Educação Física.


Como estudante aos 23 anos, conseguiu uma oportunidade para atuar como estagiário no Flamengo/RJ.
Posteriormente em 2007 disputou a Copa São Paulo pelo Flamengo. “Eu assumi em 2008 o sub 15. Passei pelo CFZ RJ, Corinthians, Atibaia, Flamengo de Guarulhos, Palmas, Ponte Preta, Bangu entre outros”, contato técnico.


Além das realizações pessoais e dificuldades profissionais, dentro e fora do campo, em 2015 Marcelo superou um tumor na cabeça.
No início de 2023 à frente do Osasco Audax comandou a equipe da copinha (53ª Copa São Paulo de Juniores), finalizando na terceira colocação na última rodada da fase de grupos.
Posteriormente recebeu uma proposta do Taquaritinga para comandar a equipe principal, onde está atualmente.


Conversando com o treinador carismático, sobre os deslumbramentos da profissão e a realidade, Marelli não hesitou em responder nenhum dos questionamentos sobre a profissão.

  1. Qual a sua visão sobre o futuro do futebol no Brasil?
    Marelli: A mesma visão da sociedade em geral, uma desigualdade gigantesca, a realidade não é o glamour que aparece na televisão, dos grandes clubes, grandes salários. A realidade é de clubes com dificuldades financeiras, pouca estrutura, atletas ganhando pouquíssimo. De modo geral, precisa melhorar a organização.

2 – No futebol são valorizados os ex-atletas para assumirem cargos de direção técnica, mesmo sem formação. A experiência como jogador é fundamental para a função de técnico?
Marelli: Com certeza quem foi ex-atleta tem uma vantagem em relação a quem não foi. A vivência de anos, a experiência de vestiário é importante. Quem não foi atleta tem que buscar isso de outras formas, estágios, começar nas categorias menores na base, e ir progredindo aos poucos.


3 – Como o mercado do futebol vê os profissionais que querem ingressar nessa área, mas que não atuaram como atletas profissionais?
Marelli: Sempre existiu um preconceito, uma restrição, muito pelos ex-atletas não quererem perder mercado, e espaço. Mas com alguns profissionais que não foram atleta tendo sucesso, como Parreira, campeão do mundo, essa questão diminuiu um pouco, mas até hoje existe esse questionamento. O mais importante não é o passado do profissional, e sim a competência, o caráter.

4 – Quais dicas você daria para quem quer ingressar nessa área? Existe um caminho a ser seguido?
Marelli: Buscar estudar, mas buscar vivenciar experiências, como estágios. Não ter pressa, dar tempo para ir se desenvolvendo como profissional. A mescla da vivência prática, com os estudos, é o melhor caminho.

5 – Como é a remuneração dos profissionais, existe algum padrão, piso ou teto salarial?
Marelli: Não existe teto salarial e nem piso, muitos iniciantes trabalham sem remuneração, pela experiência, pela vivência, e isso é importante no início. A remuneração na categoria de base no geral é ruim, em clubes profissionais é ruim. Com exceção de equipes grandes, e clubes de série A e B de brasileiro.

6- Como você define sua passagem no Osasco Audax?
Marelli: Foi uma passagem curta, de muito aprendizado, com um resultado ruim na competição disputada.

07 – Quais os seus planos para o futuro?
Marelli: Estar sempre trabalhando em boas equipes, ganhar títulos. A médio prazo estar na elite do Futebol.

08- Aonde você quer chegar profissionalmente?
Marelli: Meu objetivo é chegar na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Sonho um dia disputar uma Copa do Mundo.

09- Falando em Copa do Mundo, na próxima edição com 48 seleções o Brasil ficará mais longe do Hexa?
Marelli: Acredito que a dificuldade não aumenta, a Copa com 48 seleções não aumenta a dificuldade, certamente o nível técnico das primeiras fases diminui com a entrada de seleções num nível técnico pior.

10 – Na sua opinião quem vai ser o novo técnico do Brasil em 2026?
Marelli: Abel Ferreira ou Jorge Jesus. Não é o meu desejo, mas o que eu acho.

Podemos concluir que para lidar com a grande Paixão brasileira em meios de tantas dificuldades e instabilidades que cercam a profissão, é preciso uma dose extra de resiliência.
Ter a visão de deslumbramentos que os técnicos ganham muito dinheiro e vivem de glamour está absolutamente equivocada. Muitos treinadores espalhados pelo Brasil ganham baixos salários, sem a mínima garantia dos direitos trabalhistas.
É preciso persistência para chegar na minoria privilegiada de grandes times brasileiros. Por entanto, ao mesmo tempo que é justamente o desejo de muitas pessoas qualquer profissão exige estudo, experiência e foco.

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Giane Vieira, Nasceu em São Paulo, mas sempre morou em Osasco. Estudou em escola pública. Formada, MBA em Jornalismo Esportivo/ Ed. Física/ ADM e MKT Esportivo / Pilates/ Reabilitação Cardíaca e Grupos especiais. Atualmente trabalha na Secretaria de Esporte, Recreação e Lazer de Osasco a frente da Coordenação e Comunicação Esportiva.

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