Mário Sérgio Cortella, pensador e filósofo que eu admiro por sua inteligência e ideias, disse a seguinte frase: “Machismo não é o contrário de Feminismo. O contrário de Machismo é inteligência”. Achei a frase forte e impactante, mas de uma precisão imensurável. Claro que ofende os homens, e por isso ela é tão objetivamente interessante, principalmente sendo dita por um HOMEM, de 68 anos de idade (1954). O cara viveu ditadura, guerras históricas, uma geração de educação rígida, e tem uma mente tão brilhante e atual.
Mas vamos lá, queria trazer esse texto, pois estou finalizando um livro sobre a autoestima e a independência feminina, que infelizmente, tem o machismo como o grande vilão. E sempre que comento sobre o livro com alguém, a primeira pergunta que me fazem, com certo tom negativo é: “Você é feminista?”.
Machismo é a suposição de que os homens são superiores. Feminismo não é a intenção de que as mulheres sejam superiores, e sim a crença de que homens e mulheres são iguais. Por isso feminismo não é uma coisa só de mulheres, tem muitos homens feministas.
Honestamente, ainda fico enojada ao ouvir narrativas que plastifiquem as mulheres como um objeto ou propriedade. Desde que me entendo por gente, poucas vezes me vi em situações onde minha voz realmente tivesse importância.
Hoje, na posição de comunicadora e escritora, cuja coluna é lida tanto por homens quanto por mulheres, os quais até me escrevem, é, muito gratificante. Não porque para mim era importante comprovar minha competência e ideias, mas pelo fato de conquistar um espaço de respeito e valor.
Quando vejo uma mulher conquistando uma posição comumente masculina, enche meu peito de orgulho. Por exemplo, Leila Pereira, que no final do ano passado foi eleita Presidente do time do Palmeiras. Uma mulher ocupando um cargo de categoria esportiva, que anteriormente só havia sido ocupado por homens. Além de presidente do time pelos próximos 3 anos, ela tem um currículo excelente, como empresária, banqueira, advogada e jornalista.
Mas isso ainda é pouco, pois as manchetes que as mulheres mais protagonizam são em noticiários de tv, como vítimas de violência.
Quando uma mulher é assassinada após um assalto, é homicídio, ou latrocínio (roubo seguido de morte).
Quando uma mulher é assassinada pelo seu parceiro ou homem com quem teve uma relação afetiva ou sexual, é feminicídio.
A necessidade de tipificação para um nome apropriado de casos de assassinato de mulheres por companheiros, é devido as características de crueldade que é cometida nesses homicídios. A vítima é fortemente espancada ou aniquilada de forma raivosa e até mesmo desesperada, diferente de casos de assassinatos comuns urbanos, onde bandidos matam a vítima com um tiro, uma facada e fim.
Se observamos os casos em que os parceiros matam, eles visam destruir a imagem das mulheres, seja desfigurando suas faces, retalhando seus corpos, membros e etc. É uma forma de vingança por provocar um sofrimento amoroso ou rejeição que os homens não são programados para sentir, pois não foram ensinados a serem emotivos.
A lei de feminicídio está em vigor somente a 6 anos. É considerado um crime hediondo, com pena de 12 a 30 anos de reclusão. Mas se a lei Maria da Penha tivesse mais potência para intimidar e coagir agressores, talvez, tivéssemos menos condenações de feminicídio e principalmente, menos mulheres mortas no mundo.
O fato de muita gente me julgar, pelo meu jeito de ser (livre e corajosa) e encorajar as mulheres, (sempre fiz e farei). Feminista ou não, a forma preconceituosa não me abala em nada.
O fanatismo existe dentro de qualquer organização, seja dentro da política, futebol, religião e entretenimento. Tudo que é em excesso é ruim. Principalmente se é um tema que fere tantas vidas. Há uma característica interessante dentro das atitudes e argumentos machistas: não tem muita coerência ou lógica, são decorados e possuem mandamentos religiosos, tradicionalismo arcaico e pré-histórico.
Há extremismos em diversas áreas e assuntos, até mesmo na resistência em entender sobre um novo movimento que visa melhorar a condição de vida das mulheres e sociedade como um todo.
Talvez, discriminar ou ter preconceito com determinada organização seja uma defesa, por se sentir ameaçado sobre o lugar vantajoso de estar uma sociedade que ainda é influenciada por raízes machistas.