A presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, chama atenção para a influência do racismo no mercado de trabalho. O depoimento da dirigente sindical é parte das atividades do Sindicato pelo Mês da Consciência Negra. “Um mês de luta, de debates para realmente pensarmos como a questão do racismo pode ser percebida no mercado de trabalho e na vida.”
Ivone questiona o internauta sobre como pode ser percebida a discriminação racial nos locais de trabalho e, exibindo dados do IBGE , mostra que a população negra é a mais penalizada pela crise econômica e seus impactos sobre os empregos.
“A população negra é que enfrenta os maiores índices de desemprego em todas as regiões do país. E entre a população negra ainda temos o recorte de gênero, que são as mulheres (negras e empregadas), que ganham menos ainda que os homens negros (empregados). Dos 13 milhões de desempregados no Brasil, 64% pertencem à população negra”, diz Ivone.
Ela dá um exemplo prático de se perceber sinais de racismo nos locais de trabalho citando seu setor, a categoria bancária: “muitas vezes você vai numa agência bancária e você não acha um negro dentro da agência. Ou, se achar, ele não vai estar nos cargos dos melhores salários.”
Ela afirma que mesmo na Bahia, em que 70% da população é de afrodescendentes, é raro encontrar trabalhadores negros nas agências dos bancos privados. E lembra que é maior a presença de negros e negras em bancos públicos, como Banco do Brasil, Caixa e Banco do Nordeste, porque estes promovem concursos para a admissão de trabalhadores, o que reduz a seleção baseada na cor da pele.
“Essa é nossa grande discussão com todos os patrões: como é que nós vamos fazer para inserir essa população negra no mercado de trabalho e, dentro do mercado de trabalho, que se faça a disputa nos cargos de melhores salários também. Por isso a nossa luta, na categoria bancária, na metalúrgica, dos professores, ou seja, em todas as categorias que defendem os seus trabalhadores, é também contra a discriminação de raça,”
Ivone finaliza lembrando a importância de os trabalhadores fortalecerem seus sindicatos e que estes, por sua vez, devem promover a presença de dirigentes negros em seus quadros. “A nossa luta também é que o movimento sindical tenha mais negros.”
A líder bancária faz um chamamento pelo combate ao preconceito e ao racismo em todos os níveis. “Olhe à sua volta e combata a discriminação racial, seja na sua casa, no seu trabalho, na condução, ou seja onde você estiver. Nós aqui, no movimento sindical e nós, trabalhadores, estamos lutando para que realmente tenhamos um mundo sem discriminação racial.”