Olhando os registros de nascimentos em 11 de abril de 1969, Janeth Arcain se destaca nos arquivos em Carapicuíba – que era uma cidade também novinha, apenas quatro anos de emancipação política.
Até então pertencente a Barueri, o movimento de separação prevaleceu e o novo município paulista surgia em 26 de março de 1965. A família Arcain mudara-se para a cidade com a criancinha nascida em São Paulo, registrando-a então.
Sim, após quatro anos da emancipação o destino colocava Janeth no berço carapicuibano e para ser um dos nomes esportivos mais gloriosos do Brasil – coleciona títulos aos montes e segue como referência. Por exemplo, em dezembro de 2021 foi homenageada pelo Comitê Olímpico Brasileiro com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, a maior honraria do COB.
Campeã mundial com o Brasil em 1994, Janeth foi ao pódio olímpico em Atlanta 1996 e em Sydney 2000; de quebra, multicampeã na WNBA e eternizada no Hall da Fama da Federação Internacional de Basquete – a carapicuibana por registro conta 21 anos de seleção brasileira.
Disputou também a Olimpíada de Barcelona 1992 e a de Atenas 2004; guarda três medalhas pan-americanas mais a gloriosa do título mundial. Sim, é a terceira maior pontuadora da história da seleção – são 2.247 em 138 jogos.
COMEÇOU NO VÔLEI
Aquela criancinha registrada em Caracas logo se destacaria pela altura, então foi fácil começar no esporte. A família voltara a morar em São Paulo (Bom Retiro), mudança que facilitava tudo para a menina que já se aventurava no vôlei.
No início dos anos 80 ela era sub 14 do Corinthians e mandando muito forte como atacante. No entanto, quando os olhos dela grudaram no Mundial de Basquete em 1983… primeiro contato com a modalidade e amor à primeira torcida.
O vôlei perdia Janeth. Naquele mesmo ano a menina foi fazer base em Catanduva, onde se projetaria no Clube Higienópolis. A sequência da carreira seriam capítulos de sucesso que fariam da carapicuibana a atleta mais campeã do garrafão brasileiro.
Prata em Atlanta 1996, bronze em Sydney 2000 e uma das melhores mãos do Brasil em Atenas 2004 – mandou 25 pontos na vitória mais importante da seleção, contra a Espanha.
Hortência e Paula se aposentaram no final dos anos 90 e, portanto, Janeth de Caracas era a remanescente daquela geração de feras. Outro marco nessa história: foi a primeira brasileira na WNBA, a liga profissional dos Estados Unidos; pelo Houston Comets, apenas tetracampeã.
“Foi quando a Janeth entrou na seleção que começamos a ganhar títulos. Existia a dupla Paula e Hortência, mas não era suficiente pra levar o Brasil ao topo, principalmente porque ficávamos muito sobrecarregadas. Com a Janeth e a energia que ela trouxe, nos tornamos vencedoras”. Quem assina essa fala? A rainha Hortência.
Janeth de Carapicuíba se aposentou em 2007 com medalha de prata no Pan do Rio. Há 21 anos e a partir de Santo André, ela toca um projeto bem reconhecido nacionalmente – trabalho social de base e formação de atletas.
A eterna 9 do Brasil tem agenda lotada ano a ano porque é mesmo celebridade do esporte. E não importa aonde Janeth Arcain esteja, a história que leva começa com a primeira cesta dela num cartório em Carapicuíba, quatro anos após a emancipação.