Por Gaby Morais (*)
A representação feminina na política de Barueri passa por um momento de reflexão e análise, especialmente após o recente corte drástico de cadeiras ocupadas por mulheres na Câmara Municipal, que caiu de quatro para apenas uma. Esse cenário reforça a necessidade de discutirmos a importância da presença feminina nos espaços de decisão, especialmente em um município como Barueri, onde as questões de gênero têm ganhado cada vez mais relevância e onde a primeira vice-prefeita foi eleita recentemente, marcando um passo histórico para a cidade.
Barueri é uma cidade que já mostrou avanços significativos na representação feminina, como vimos nesta última eleição, em que os candidatos a prefeito optaram por ter mulheres como vices em suas chapas, reconhecendo a importância da presença feminina nas esferas de liderança. As candidatas a vice Silvia Arantes, Claudia Marques e Gaby Morais representaram essa diversidade de gênero, cada uma com um papel crucial na construção de suas propostas e na comunicação com o eleitorado feminino, que se viu representado nessas lideranças.
A redução de cadeiras femininas na Câmara, entretanto, traz uma preocupação quanto ao impacto dessa mudança. Ter apenas uma mulher ocupando uma cadeira significa uma perda substancial na pluralidade de vozes e na capacidade de dialogar com uma parcela importante da população, que, muitas vezes, enfrenta desafios e realidades específicas. Com menos mulheres na Câmara, corre-se o risco de se limitar a discussão de temas que afetam diretamente as mulheres, como políticas de segurança, saúde, inclusão e apoio social. A representação feminina não é apenas uma questão de número, mas de garantir que as políticas e as decisões tomadas sejam pensadas para todos os cidadãos, incluindo as mulheres, que compõem uma parte essencial da comunidade, e hoje, representam maioria na população.
Além disso, a vitória da primeira vice-prefeita mulher em Barueri é um marco que deveria motivar um aumento, e não uma redução, da presença feminina nos cargos públicos. Essa conquista simboliza um avanço e serve como um lembrete do quanto ainda pode ser feito para que as mulheres tenham um espaço igualitário. Silvia Arantes, Claudia Marques e Gaby Morais se destacaram em suas campanhas como líderes fortes e preparadas, demonstrando que as mulheres têm, sim, um papel fundamental no cenário político e podem trazer novas perspectivas para a administração pública.
Esse corte de cadeiras é um retrocesso na luta por igualdade e representatividade em Barueri. E o que fica é a necessidade de um compromisso contínuo para reverter essa situação nas próximas eleições. A população barueriense precisa se conscientizar da importância de apoiar candidaturas femininas, garantindo que vozes plurais estejam presentes nas decisões que afetam todos. Da mesma forma, os partidos políticos devem se comprometer seriamente com essa causa, investindo de fato, promovendo de verdade e estabelecendo como meta eleger mulheres para fortalecer a presença feminina na política local.
Em uma cidade com uma trajetória inovadora e inclusiva, é essencial que o espaço para as mulheres não retroceda, mas avance, respeitando e valorizando a contribuição feminina para uma Barueri mais justa e representativa.
Parabéns, Barueri: nota 10 por eleger a primeira mulher vice-prefeita, mas nota zero por reduzir a voz feminina na Câmara Municipal.
*Moradora de Barueri (SP), Gaby Morais é estrategista política e referência em representatividade feminina. Com mais de duas décadas de experiência em campanhas políticas nacionais e internacionais, a profissional é especialista em capacitar e qualificar mulheres para a política. Gaby é formada em Inteligência Estratégica, mestre em Marketing Político e Campanhas Eleitorais pela Universidade de Alcalá, na Espanha, e possui MBA em Gestão Pública. Também é criadora do podcast Voz da Vez, que debate o olhar mais humano para o futuro através da perspectiva feminina.