Filho de mãe solteira e dois irmãos, Robson Jesus nasceu e cresceu na periferia da cidade de Osasco. Sempre estudou em escola pública, formou-se em administração e com bolsa de estudo se especializou em gerenciamento de projetos pela Mackenzie. “Em 2018, eu viajei para os Estados Unidos com o propósito de estudar inglês por um ano, mas eu ainda não tinha compreendido com tanta clareza que a minha paixão estava em explorar lugares novos. Eu já me sentia inquieto antes mesmo da pandemia de COVID-19 se iniciar, e notei que estava procurando saber cada vez mais sobre viagens. Comecei pesquisando sobre locais, preços e países, mas a minha maior surpresa ainda estaria por vir. Em um determinado momento me peguei pensando em quantas pessoas teriam visitado todos os países, e foi quando me deparei com a informação de que estima-se que somente 150 pessoas fizeram isso. Neste momento eu já estava espantado, mas para reforçar ainda mais este meu sentimento, eu descobri que nenhum desses viajantes era negro!”, diz Robson.
A partir disto começou a surgir uma cadeia de questionamentos em sua mente. “Por que a quantidade de pessoas que deram a volta ao mundo é tão baixa? Quais são as características que agrupam todas elas? Por que nenhuma delas é negra? — Após dedicar alguns momentos de reflexão, passei a considerar que a falta de oportunidade causada pelo racismo estrutural, poderia estar entre as principais razões para vermos essa realidade em que pessoas negras têm menos condições. Contudo, chegar a esta conclusão não foi suficiente para mim. Passei a ter dificuldades em dormir por conta da minha indignação, e só obtive paz quando decidi que eu poderia colaborar para mudar esse cenário. Determinei que eu seria o primeiro negro a visitar todos os países do mundo, e que eu faria isso com o objetivo de levar o empoderamento da comunidade negra Brasil afora.”
No entanto, para que o seu objetivo de inspirar outras pessoas negras surtisse efeito, ele precisaria documentar esta trajetória. “Foi neste instante que eu vi a necessidade de transmitir e compartilhar a viagem através de uma conta no Instagram e do meu canal no YouTube, demonstrando que é possível um negro de família pobre alcançar fatos históricos. Além do mais, eu me considero uma pessoa com dificuldade para falar em público, então também quero encorajar aqueles que podem pensar que a timidez é um obstáculo. O que mais me motiva a realizar esta jornada é pensar que eu posso mostrar para todas as pessoas a vivência de nós, negros, em cada país. Assim, criando uma conexão que se estende a tudo e a todos, isso é definitivamente um projeto que vai colaborar com a história da humanidade”.
O projeto se chamará “O Nego Vai Longe”. Este nome tem forte vínculo com a história da Rosa Parks, que foi responsável por dar início ao primeiro movimento racial vitorioso em solo americano. “Em homenagem a ela eu pretendo andar de ônibus nos 196 países, buscando reforçar o fim da segregação racial. Será uma viagem em que irei explorar a diversidade cultural, pluralidade étnico-raciais, e também apresentar o que cada país tem para oferecer de melhor.”, comenta Robson
Um dos primeiros passos para colocar tudo isso em prática do Robson foi buscar interagir com pessoas que são referências no assunto de viagem. “Posso dizer que obtive sucesso ao me contatar com o Anderson Dias dos “@196 sonhos”, uma vez que ele deu a volta ao mundo em tempo recorde. Dividi com ele o meu propósito, e assim como eu, ele também se espantou com a ausência de um viajante negro que tivesse visitado todos os países. Cauteloso, ele me perguntou se eu tinha certeza deste dado e eu confirmei que sim. Mas para que não houvesse sequer uma sombra de dúvida, ele acessou a sua própria conta no Instagram com 1,3 milhões de seguidores e postou três stories a respeito da nossa conversa. Logo em seguida, ele brincou dizendo que em breve iríamos confirmar a existência ou não desta “vaga”. Após recebermos uma resposta positiva, o Anderson mencionou que iria me ajudar a conquistar esse fato inédito. A partir daí, comecei a fazer mentoria a cada 15 dias com ele, e pude criar todo o planejamento e conhecer algumas estratégias de viagens. Também contatei o especialista Igor Ivanowsky “@free Igor”, um dos maiores empreendedores digitais do Brasil, que está viajando pelo mundo há 6 anos. Ele me ajudou a elaborar um orçamento estimado em 500 mil reais, incluindo passagens, hospedagem, alimentação, pontos turísticos e os custos de redes sociais e transmissão da viagem. Eu pretendo monetizar estas redes sociais e também elaborar produtos digitais, tanto para ajudar quem gosta do ramo, quanto para arrecadar dinheiro para as despesas que terei.”
Será uma viagem com aspectos minimalistas, ou seja, poucas roupas e apenas alguns itens eletrônicos. “Pretendo utilizar o conceito do marketing do coração, porque a intenção é compartilhar experiências, criar correntes do bem e transformar de forma positiva todas as pessoas que vierem a surgir na estrada, bem como aquelas que irão se envolver e acompanhar o projeto. O primeiro continente que irei visitar será a Ásia, começando pelo Japão. Posteriormente seguirei para os países da Oceania, África, Europa, América do Norte, Central e finalizando essa aventura na América do Sul. Permanecerei em cada país por volta de 5 a 7 dias, o que totalizará cerca de 3 anos de viagem. O início está previsto para fevereiro de 2022, com término em junho de 2025, e devido ser um feito inédito, esse projeto será registrado pelo Guinness Book of World Records.”
Muito obrigado a equipe do jornal! Agradeço pelo espaço e todo apoio. Juntos vamos fazer história mundial!!!!!