A Prefeitura de São Paulo decidiu, nesta quinta-feira (6), cancelar o Carnaval de rua na capital. A medida foi anunciada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) em decorrência do crescimento dos casos de Covid-19 no município.
Apesar do cancelamento, Nunes manteve os desfiles das escolas de samba de São Paulo no Sambódromo do Anhembi, que devem se realizar nos dias 25, 26, 27 e 28 de fevereiro. Eles só poderão ocorrer se a Liga aceitar os protocolos sanitários.
Na manhã desta quinta-feira, o prefeito participou de uma reunião com secretários municipais do Comitê Executivo para analisar e discutir a realização do Carnaval em São Paulo. No encontro, do qual participou o secretário de Saúde, Edson Aparecido, foi apresentado um estudo da vigilância epidemiológica antes da tomada de decisão.
O estudo alertou sobre o aumento da transmissibilidade da variante Ômicron, identificada no dia 23 de novembro na África do Sul. Com isso, a Secretaria Municipal de Saúde recomendou a intensificação da vacinação das doses de reforço anti-Covid-19, a manutenção do uso obrigatório de máscara e das demais medidas sanitárias.
A pasta ressaltou ainda que seja evitado qualquer tipo de aglomeração que não possa ter “controle sanitário seguro” e o “cancelamento de todas as atividades relacionadas ao Carnaval de rua de 2022 na capital, bem como de atividades que não tenham controle sanitário”.
Além de São Paulo, o Distrito Federal e outras 12 capitais cancelaram o Carnaval de rua: Rio de Janeiro, Salvador, Florianópolis, Recife, Fortaleza, Curitiba, Cuiabá, Campo Grande, São Luís, Belém, Belo Horizonte e Maceió. A medida vem sendo tomada em razão do atual quadro de infecção pelo coronavírus e do aumento de infecções pelo vírus influenza.
Na tarde desta quarta-feira (5), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que a decisão sobre o Carnaval de rua cabe às prefeituras, mas se posicionou contrário à realização. “Não é o momento para aglomerações dessa ordem. Portanto, a recomendação é evitar que [isso] aconteça.”
O coordenador-executivo do Comitê Científico do Estado, João Gabbardo, disse considerar “impensável manter o Carnaval [de rua] nestas condições”. Afirmou: “Mesmo o Carnaval de desfile, nós temos de ter uma preocupação, porque essas pessoas, para chegar ao local de desfile, vão se aglomerar no transporte coletivo, vai ter aglomeração na entrada, na saída. E isso sempre é um risco”.
Gabbardo completou: “Mesmo no desfile, as pessoas vão se aglomerar no transporte coletivo, no metrô, no trem, no ônibus, e isso é sempre um risco. Neste momento, é um risco muito alto, então tem que ser analisado com essa preocupação”.
Segundo o médico infectologista Ésper Kallas, observar o curso da Ômicron na África do Sul pode ajudar o país a compreender essa nova variante do coronavírus. “Eles perceberam que houve um aumento vertiginoso e um pico 30 dias depois do aumento, então teve um ciclo bem mais curto. Como vai ser a curva de queda, nós não sabemos ainda”, disse.
“Mas cada vez estamos mais próximos do Carnaval, e antecipar o que vai acontecer com uma onda tão explosiva é muito difícil. Até o fim de fevereiro, podemos estar numa onda de disseminação bastante intensa. A recomendação é ser mais cauteloso”, afirmou Kallas.
O secretário Jean Gorinchteyn disse que qualquer situação que acumule pessoas nas ruas preocupa as autoridades de saúde. “Nosso olhar atual é que, em qualquer condição que permita aglomeração, é natural que as pessoas acabem não utilizando a máscara de forma adequada e, dessa forma, haja um risco maior de disseminação.”
E concluiu: “Olhando lá para a frente, pensando em qualquer condição que acumule pessoas nas ruas, é preocupante. Quando vamos olhar cenários específicos, cenários controlados, seja com a vacinação, com a testagem, se isso acontecer, seremos anuentes, caso contrário, não vamos sugerir que isso possa acontecer”.