Há um mês a supercampeã Vivi Oda está em Toledo, Paraná, treinando com uma das melhores do mundo, Anita Klemann. O sistema é tipo regime concentrado mesmo porque o planejamento é desafiador – tanto que ao se apresentar à técnica a ginasta ouviu: “Se não for pra pensar em Paris 2024, nem precisa treinar.”
Isso mesmo, aquela menininha que começou a competir por Osasco quando ainda iria completar 10 anos, cinco anos depois vê-se em rota olímpica. Vivi mora em Guaratinguetá onde treina com a professora Carol Nogueira. No entanto, o alto rendimento exige vários complementos e a professora conta com parcerias para tal – até então, uma de muita importância para o rendimento de Vivi era Ana Paula Scheffer, ex-ginasta do Brasil.
Acontece que em outubro dá-se a tragédia, Scheffer morre aos 31 anos. Vivi sente-se perdida porque o vínculo com a professora era mesmo muito forte. “Não sei o que será a partir de agora”, lamentava a professora Carol Nogueira diante do abatimento da pupila.
No entanto, dias depois ela diria que um anjo se foi e que outro aparecera, referência a Anita Klemann. Mais que um anjo para Vivi, a nova professora tem tudo a ver com essa história por ser a mestra de Scheffer. “A Ana Paula era minha ginasta em Toledo. Com a ausência dela a professora Carol ficou muito preocupada por causa da Vivi. Então, conversamos e fechamos.”
Sobre a menina, a professora foi intensa em cada palavra: “Estamos trabalhando pensando em Paris 24. A Vivi tem talendo, tem possibilidade, é bonita e graciosa mas precisa desse foco, tem que pensar em Paris. Se não, nem precisa treinar”. E qual é o expediente da atleta? Treinos diáros e intercalados entre pesados e leves – se bem que não há nada leve no alto rendimento.
Quando fala da pupila, Anita Klemann pontua que cada dia tem um único propósito, a seleção olímpica. Ouvindo isso, Vivi se lembra do começo – era uma titiquinha de apenas três aninhos quando foi para a primeira aula com a professora Carol. E olhando essa linha do tempo, a menina já conta doze anos de ginástica rítmica.
Voltando à treinadora, quando cita Paris ela não posa de motivacional, apenas para dar reforço psicológico. Anita Klemann aponta para fatores técnicos de Vivi e porque tem faro de estrelas – foi técnica da seleção brasileira por sete anos e guarda quatro medalhas do Pan-americano de Guadalajara 2011 e outras três de Toronto 2015; de quebra, seis ouros nos Sul-americanos da Colômbia e do Chile.
Viajou o mundo com a ginástica rítmica. Como ela mesmo destaca, vivenciando culturas extremas do capitalismo nos Estados Unidos ao comunismo na Coreia do Norte (três meses lá) e ao sistema religioso bem forte da Indonésia.
Ela aponta que a modalidade no Brasil está em expansão e que quase todos estados já contam com atletas de alto nível. “São Paulo já foi forte e agora está voltando ao cenário com a Vivi. Eu digo que ela tem que ser mais ousada. Ela é uma menina angelical mas precisa de mais ousadia.”
A reportagem do Correio Paulista pergunta: E como a Vivi responde a tudo isso que ouve sobre Paris, foco, ousadia etc? A professora: “Ela sorri aquele sorriso angelical mas sem parar de treinar.”
Além de Ana Paula Scheffer, Anita Klemann assina estrelas do Brasil como Angélica Kvieczynski, Morgana Gmach e Nicole Muller. Sim, há muitas outras estrelinhas em ascensão nessa oficina de ginástica rítmica em Toledo, Vivi de Osasco entre elas.