As lendas vivas da capoeira osasquense

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Mestre Rubão e Mestre Malaca, dois entre os principais nomes da Capoeira na cidade de Osasco. Eles lutam para manter viva a história da modalidade. Para isso contam com a ajuda da capoeirista Rubi


 

Hoje são sessentões seguindo com a vida e exibindo toda jovialidade graças aos longos anos de treino. São homens fortes, de posturas arrojadas e que colocam o corpo à prova do tempo. Assim é mestre Rubão, uma das lendas da capoeira de Osasco e conservando a mesma energia de décadas atrás. E quando ele fala da capoeira antiga, parece mesmo transformar-se naquela criança de 9 anos e nos primeiros movimentos da luta. Daquele tempo de infância até hoje, o mestrão diz que a capoeira segue a mesma toada, mas sofrendo por conta do comportamento da moçada que vem tomando a frente. “Não há união, há muitos grupos formados e cada um na sua. Com isso a capoeira sai perdendo. Queria ver nossa arte mais família porque a riqueza da capoeira está na terceira idade, nas crianças e na categoria feminina que é muito forte. Mas é preciso tirar a vaidade, cuidar desses tesouros da capoeira”, aponta.
E quando perguntado sobre como era antes, ele dá um leve sorriso e diz que naquela época não havia academia em Osasco, mas a capoeira era genuína. “Comecei treinando no fundo de uma lanchonete na rua Narciso Sturlini (região central de Osasco). Depois conheci o mestre Souza (em São Paulo) e, em seguida conheci o Tadeu, o japonês que abriu a primeira academia em Osasco. Tudo começou com ele, um japa que era da Cordão de Ouro do mestre Suassuna.”
Isso mesmo, a história da ginga em Osasco tem olhos rasgados. No centro da cidade, Praça Marquês de Herval e num prédio fazendo frente com a avenida João Batista, a Cordão de Ouro inaugurou a capoeira em Osasco com o japa à frente. “O Polim foi aluno do Tadeu”, destaca Rubão, falando daquele também garoto cordão verde e que seria um dos grandes mestres criando a Associação Zumbi.
Estamos nos anos 70 e falando com um jovem iniciante na roda. Deixando Osasco um pouco de lado, o valente Rubão e que era Rubinho, cruzava São Paulo para treinar. Em 1976, ele estava no Exército e conheceu outro capoeira e hoje mestre, Pradella. Foi o início da carreira propriamente dito, pois a partir daí o garoto foi treinar na rua Augusta com mestre Canhão, de lá foi para a Amaral Gurgel e onde treinou até se formar. “Hoje as coisas são mais fáceis e tem capoeira para todo lado”, comenta o mestre. “Isso é bom, mas também não é, pois muitos professores estão fazendo trabalhos por conta e prejudicando os que são profissionais. Com eu disse, a capoeira hoje não é unida e cada um faz o que quer.” Tem solução? Mestre Rubão diz que é preciso sacudir essa poeira para que a capoeira volte a ter uma só linguagem em Osasco. “Estamos pensando em alguma coisa”, disse ele.

Mestre Malaca
Outro das antigas é mestre Malaca e que cita Rubão como grande referência da luta brasileira. Ele também iniciou treinando em fundo de quintal, chegou com Polim na Zumbi que ficava sob o histórico Cine Glamour; depois conheceu mestre Borboleta e a carreira bombou. Desde então, mais de 40 anos de capoeira e mantendo aquela garra e paixão. “A rapaziada de agora acha que a gente é ultrapassado, mas não é bem assim. É só ir pra roda e sentir nosso pé que a coisa muda”, brinca Malaca que é Jomar Pereira e que ao lado de Rubão, compõe o quadro de grandes mestres da velha guarda na ativa.
Nova geração
Mas há esperança para a capoeira e os dois mestres apontam para Rubi, uma mineira que fazia muay thai em Três Pontas. Vindo para Osasco oito anos atrás, entrou no kickboxing e a vida era de trocação pura. No entanto, eis que pinta a capoeira no caminho e hoje ela é cem por cento ginga. Rubi é Lidiane Pereira e ganhou o apelido do mestre Jaguara. “O nome tem a ver com ajuda, com quem é solidário”, conta a moça que está na capoeira há um ano e meio. “Mas eu treino todo dia”, complemento sorridente, enquanto fazia o berimbau cantar. ‘É importante treinar e aprender com a velha guarda porque assim os valores estão garantidos”, ressalta mestre Rubão que é Rubens Vieira. Nas redes sociais ele é encontrado com o nome da capoeira e em Osasco dá aulas na avenida Santo Antônio, 503. Já o mestre Malaca tem roda na rua São Jorge, 568, Vila Pestana.

3 thoughts on “As lendas vivas da capoeira osasquense

  1. Boa noite!
    Eu gostaria de ter notícias do Tadeu, que além de grande capoeirista, foi meu amigo de treinamento, quando treinamos Karatê com o Mestre Morita.
    Grato.

  2. Olá, gostaria de uma apresentação de roda de capoeira na escola em trabalho, é possível?
    Alguns alunos não conhecem, como estamos no mês de Setembro, mês no qual representa a prevenção do suicídio, gostaria de apresentar alternativas de esportes, outros estilos de vida.
    Grata
    Adriane S. Martins Marques

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