Batista Júnior, Orgulho de Osasco e da Música Preta Brasileira

Alexandre Frassini Capa Colunistas Correio 2


Jesus José Batista Filho, nasceu em 7 de março de 1953, na Penha, Zona Leste de São Paulo e viveu uma infância marcada por desafios e mudanças. Quando seus pais se separaram, ainda era pequeno e foi morar com a mãe em casas de parentes na Zona Leste. Posteriormente, mudaram-se para a Vila Ida, um bairro que hoje muitos confundem com Vila Madalena. A mãe trabalhava como empregada doméstica, mas a patroa não permitia que ele ficasse na casa. Por isso, foi afastado da mãe e obrigado a morar em um colégio interno, o Educandário. Este colégio marcou boa parte de sua infância, e dá nome ao bairro que ocupa a região da Zona Oeste de São Paulo, próximo à Rodovia Raposo Tavares.

Mais tarde, mudou-se para Osasco, onde inicialmente viveu com uma tia e depois se estabeleceu no bairro do Jardim Santo Antônio. Foi em Osasco que ele encontrou seu verdadeiro lar. Trabalhou como engraxate para ganhar seu próprio dinheiro e a vida o conduziu naturalmente ao mundo artístico, e Osasco ganhou mais um importante nome para a cultura da cidade, Batista Junior.

Batista teve contato com a musica desde criança pois seu pai colecionava discos e ouviam sempre na vitrola. Então ainda jovem enveredou para o mundo das discotecagem e foi um dos fundadores da Hot Gang e da Kison, na saudosa época dos Bailes Black do Cobraseixos e do Floresta. Essas fortes referencias incentivaram a enveredar a carreira musical.

Em 1983, Batista Júnior gravou seu primeiro disco, um compacto simples intitulado “Diploma de Rua”. Essa música, mais do que uma canção, é uma auto-biografia que captura o início de sua jornada, com versos que refletem suas vivências e sua alma. Batista Júnior tem uma habilidade única de transformar suas experiências de vida em música, com cada letra trazendo à tona suas dores, conquistas e amores.

Apaixonado por Soul, Funk, Samba, Jazz e todos os estilos da Black Music, Batista Júnior nunca se deixou limitar por rótulos. Apesar de ser frequentemente associado ao Samba Rock, ele sempre defendeu a ideia de que toda música é preta, uma expressão genuína de sua identidade e realidade. Sua visão clara e sua luta contra os rótulos o destacam no cenário artístico, onde sua música continua a ressoar com autenticidade e profundidade.

Ao todos foram 13 discos gravados e hits como Rock do Chá, Fez Zum Zum Zum, Alma Negra, Musica Preta Brasileira, entre outras. Todas as suas músicas estão nas principais plataformas digitais.
Também foi apresentador na TV Osasco, nas rádios Difusora Oeste, Metrô FM, Clube de Santos AM.

Praça do Samba
Tem um local que simboliza bem a importância de Batista Junior para Osasco e região. Um local que todos conhecem, que frequentaram em diferentes momentos e que muitas vezes hoje é esquecida e colocada a parte no cenário cultural da cidade. Batista é idealizador e um dos fundadores da Praça do Samba, no Km 18.

A idéia surgiu quando Batista começou a frequentar a Rua do Samba na Casa Verde e a Rua do Choro em Pinheiros. Criaram então o Clube Amigos do Samba. Foi assim que idealizou e fundou a Praça do Samba e foi orientado por Dr Adilson Gomes Teixeira a criar o estatuto da Praça. O que poucos sabem é que ao mesmo tempo fizeram também o estatuto da UESMO, União das Escola de Samba do Município de Osasco.

E a Praça do Samba surgia em 21 de abril de 1985 e virou uma grande referencia para o Samba Paulista e ficou conhecida no Brasil todo, impulsionado principalmente por Moisés da Rocha, um dos idealizadores também da Praça, que divulgava frequentemente no seu Programa de Radio, “O Samba Pede Passagem”, líder de audiência na época, os shows que aconteciam na Praça. Todos que lançavam discos queriam se apresentar na Praça do Samba e assim muita gente importante passou por la, como Fundo de Quintal, Eliana de Lima, Zeca Pagodinho, Royce do Cavaco, Jorge Aragão, Grupo Cravo e Canela, Almir Guineto, Mestre Marçal, Tobias da Vai Vai, JB Samba, Boca Nervosa, entre outros.

“Eu não queria que a Praça tivesse o rótulo de Samba, queria que fosse a Praça da Musica Preta Brasileira. Porém o Preto no Brasil tem que ser rotulado. Esquecem que o Rock é Preto, o Forró é Preto, o Samba é Preto, enfim a Musica Brasileira em geral é Preta. E fiz muitos shows de Forró, de Rock e de outros estilos na Praça do Samba. Muita gente não gostava, mas eu fazia.”, explica o artista.

Esse é Batista Junior, símbolo da música osasquense de resistência, muitas vezes esquecido e posto de lado, porém está na história com sua musica, sua poesia e sua consciência de luta.

Essa matéria é só uma homenagem ao meu querido amigo.

Salve Batista Junior!

Até a próxima pessoal!!

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