Carapicuíba tem R$ 150 milhões em emendas suspensas por suspeita de irregularidades, diz STF

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Ministro Flávio Dino determina bloqueio de repasses após auditoria da CGU apontar falhas em transparência e indícios de superfaturamento e desvio de recursos públicos. Carapicuíba está entre os municípios com maior volume de recursos bloqueados.

Ministro Flávio Dino suspende emendas parlamentares por suspeitas de corrupção

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de R$ 670 milhões em emendas parlamentares destinadas a nove municípios brasileiros, após auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) apontar graves irregularidades na aplicação dos recursos públicos.

A decisão afeta nove das dez cidades que mais receberam transferências especiais, as chamadas “emendas Pix”, entre 2020 e 2024 — modalidade criada para facilitar e agilizar o repasse de verbas, mas que vem sendo criticada pela falta de transparência e dificuldade de fiscalização.

Carapicuíba entre os municípios com repasses bloqueados

Um dos destaques da lista é Carapicuíba (SP), que teve o repasse de R$ 150,9 milhões bloqueado. Segundo a CGU, foram encontradas falhas em processos licitatórios no município, o que levantou suspeitas de má gestão dos recursos públicos.

Outros municípios com repasses suspensos incluem capitais como Rio de Janeiro (RJ) e Macapá (AP), além de cidades do Norte e Nordeste, como Sena Madureira (AC), Iracema (RR) e Camaçari (BA).

Cidades com emendas parlamentares suspensas pelo STF

MunicípioEstadoValor Bloqueado
CarapicuíbaSPR$ 150,9 milhões
MacapáAPR$ 128,9 milhões
São João de MeritiRJR$ 58,4 milhões
IracemaRRR$ 55,7 milhões
Rio de JaneiroRJR$ 50,7 milhões
Sena MadureiraACR$ 46,7 milhões
CamaçariBAR$ 45 milhões
Coração de MariaBAR$ 44,3 milhões
São Luiz do AnauáRRR$ 89,4 milhões

Total bloqueado: R$ 670 milhões

Irregularidades apontadas pela CGU

O relatório da Controladoria-Geral da União revelou que, em 9 das 10 cidades analisadas, houve:

  • Superfaturamento de obras e contratos
  • Desvio de finalidade nos projetos
  • Favorecimento de empresas específicas
  • Ausência de comprovação de compras
  • Falta de publicação de dados nos portais de transparência

No caso do Rio de Janeiro, o relatório apontou que parlamentares que destinaram as emendas passaram a executar diretamente os recursos após assumirem cargos no Executivo, criando conflito de interesses.

PF será acionada para investigar possíveis crimes

Diante da gravidade dos indícios, o ministro Flávio Dino determinou o envio dos relatórios à Polícia Federal, que deve investigar possíveis crimes como:

  • Peculato
  • Corrupção ativa e passiva
  • Prevaricação
  • Fraude em licitação
  • Emprego irregular de verbas públicas

Dino também ordenou que a auditoria seja ampliada para outros municípios beneficiados pelas “emendas Pix”, ressaltando a necessidade de separar “o joio do trigo” e garantir o direito de defesa dos gestores públicos envolvidos.

O que são as “Emendas Pix”?

As emendas de transferência especial — apelidadas de “emendas Pix” — foram criadas para permitir repasses diretos da União a estados e municípios, sem necessidade de convênios ou projetos prévios. No entanto, a falta de critérios de fiscalização e de exigência de prestação de contas detalhada tem gerado alertas de órgãos de controle, como a CGU e o Tribunal de Contas da União (TCU).


Acompanhe os desdobramentos

Essa decisão pode abrir precedentes para a revisão do uso das emendas parlamentares e do modelo atual de distribuição de recursos. Municípios como Carapicuíba e outros listados terão que apresentar justificativas formais para tentar reverter o bloqueio e evitar sanções mais severas.

Fique atento às atualizações aqui no Correio Paulista para mais informações sobre este caso e os próximos passos da investigação.

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