Carro-forte não segue carro funerário

Colunistas Oscar Buturi

Há uma postura que me intriga e, exatamente por essa razão, de vez em quando ocupa meus pensamentos. Esse comportamento diz respeito ao não aproveitamento de estruturas que conquistamos ao longo da vida, ou à procrastinação em relação à desejos e sonhos possíveis que são adiados continuamente por razões pouco ou nada convincentes. São inúmeros os exemplos e listo apenas alguns: aquela linda área gourmet do apartamento bacana que nunca é utilizada; a sala de TV que custou uma fortuna, mas não recebe amigos para não estragar o tecido do sofá; a caríssima mesa de jantar que não cumpre sua função e só recebe enfeites; o fogão à lenha que não é aceso por causa do cheiro de fumaça; o moderno fogão que raramente é usado para não sujar a cozinha; a peça de roupa refinada que não sai do armário; os sapatos dos sonhos que não conhecem os pés da sua dona; o carro maneiro ou motocicleta que não deixam a garagem; o passeio agradável e evitado para economia de combustível; o jantar romântico, nem sempre caro, mas incomum devido ao exagerado controle financeiro; a sonhada viagem que aguarda o melhor momento e não se materializa; o quintal da chácara que as crianças não podem brincar para não manchar as roupas; enfim, quando se gasta as economias de uma vida inteira para construir a casa dos sonhos, mas ela é vazia e monótona. As conquistas da vida devem ser usadas e compartilhadas! Deixar para depois pode ser tarde. Obviamente que tudo deve ser feito com sabedoria e responsabilidade. Essa reflexão me lembrou o Omar, cuja filosofia de vida é “Mete o saca rolha!” Trata-se de uma história de autoria desconhecida que circula pelas redes sociais e sua principal lição é: não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje. E não acumule riquezas sem delas desfrutar porque carro-forte não segue carro funerário.

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