Praça Roosevelt de Azevedo, centro de São Paulo. Um caminhão trapézio estacionado no meio da praça, alguns trapezistas voando entre os trapézios, enquanto o público, encantado, observa o espetáculo em silêncio, paralisado pela beleza da arte circense. Agora, imagine um espectador orgulhoso, que presencia essa cena e exclama, com o peito cheio: “São meus amigos de Osasco!”

Pois bem, parodiando o Rei… esse cara sou eu!
Essa passagem é real. Aconteceu quando fui à Praça Roosevelt andar de skate com a família e, por acaso, me deparei com esse momento mágico.
Começo com essa lembrança porque, há poucos dias, perdemos um dos grandes responsáveis por esse tipo de encantamento: Zé Wilson, idealizador e gestor do Circo Escola Picadeiro. Um nome fundamental para o circo nacional, um verdadeiro mestre da arte circense, que merecia muito mais homenagens do que recebeu.

Para quem não sabe, antes de se estabelecer em Osasco, o Circo Escola Picadeiro ficava na Ponte Cidade Jardim, em São Paulo. Durante esse período, foi um celeiro de talentos, revelando artistas de fama nacional, como Domingos Montagner, além de receber shows históricos, como Run-DMC em 1995, Racionais MC’s e Farofa Carioca. Em Osasco, também já ocorreram apresentações marcantes, como as das bandas Made in Brazil e Matanza.
Mas é inegável que, aqui em Osasco, pouco se faz pelo Circo Escola Picadeiro. A população, muitas vezes, nem sabe o que acontece por lá. O espaço, que deveria ser um patrimônio cultural, sobrevive no anonimato, sustentado pelo esforço quase solitário de professores e artistas que insistem em manter essa chama acesa.

Até quando a arte será tratada com descaso?
O circo, uma das mais antigas manifestações culturais da humanidade, ainda é visto por muitos como algo menor. Mas a verdade é que ele transforma vidas, forma artistas, encanta plateias e resgata sonhos. O Picadeiro já foi um berço de talentos e pode continuar sendo, mas para isso, precisa de apoio.

Aos governantes da cidade, cabe reconhecer e valorizar esse espaço, promovendo incentivos, visibilidade e estrutura para que a arte circense não morra. À população, cabe ocupar o Picadeiro, conhecer, prestigiar e defender essa história. E a todos nós, cabe a responsabilidade de não deixar que mais um símbolo cultural se perca no tempo.
O Circo Escola Picadeiro merece mais do que o esquecimento. Merece respeito.
Até a próxima pessoal!!