Por: Bia Santana
Os temerosos concursos públicos, vestibulares, ENEM entre outras provas, onde todos têm insegurança com as redações, os textos gigantes e as pegadinhas aplicadas. Como será que uma pessoa cega realiza?
Importante lembrarmos que “SIM”, pessoas cegas trabalham!
No último mês realizei um concurso para vir contar para vocês como foi.
Já no ato da inscrição devemos enviar laudo, que comprove a deficiência, e pedir os recursos de acessibilidade que são:
Ledor: a pessoa que irá realizar a leitura da prova para o candidato;
Transcritor: a pessoa que irá transcrever suas respostas para o gabarito e a redação para a folha oficial;
Computador: um computador com leitor de tela para o candidato;
Prova em braile: prova impressa em braile para própria pessoa realizar a leitura se assim desejar;
Tempo adicional: temos direito a tempo extra como descrito no edital.
No caso do concurso que prestei não pude solicitar tudo, a opção do ledor anulava a do computador, mas em alguns casos é possível o pedido de ambos.
Eu não pedi a prova em braile, pois não sei realizar esse tipo de leitura. Como não nasci cega, me alfabetizei em tinta e hoje o celular lê praticamente tudo, optei por não aprender o braile.
Assim que cheguei no portão, perguntaram meu nome e já havia uma pessoa me esperando, a qual me encaminhou até a sala, me apresentou para mais dois rapazes e explicou que estávamos em uma sala com várias carteiras encostadas na parede, que eu poderia escolher uma. Ao meu lado ficaria o leitor e do outro, o transcritor e que ambos poderiam revisar e ler minha prova. O terceiro rapaz ficou na sala conferindo se não havia algum tipo de auxilio na prova, me levaria ao banheiro ou bebedouro.
Na prova de inglês, uma quarta pessoa que domina o idioma vem realizar a leitura. Já no tempo extra, ditei a redação escrita no rascunho e depois para a folha oficial pelo transcritor.
Minha experiência não foi ruim, mas muitos colegas reclamam de ledores sem boa dicção e atenção, trocando palavras e tornando difícil o entendimento da questão. Transcritores sem muita atenção, escrevem palavras erradas sem conferir com o candidato como ele deseja que seja escrito.
E essa foi mais uma aventura que eu mostro que com acessibilidade tudo se torna possível.
Eu prestei concurso uma vez. Na época não tinha a opção do computador e nem do material em braille. Acho que escolheria o computador. Não tive uma experiência tão legal. Braille também não peguei. Até tentei fazer algumas aulas, mas o smartphone hoje em dia consegue ler praticamente tudo, então…
Excelente artigo, Bia. Valeu!