Compod avalia impacto da pandemia na política de prevenção ao uso de drogas em Osasco

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O impacto da pandemia do novo coronavírus nas políticas públicas de combate ao abuso de drogas e no consumo de substâncias lícitas e ilícitas deram o tom na terceira reunião do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas. O evento aconteceu nesta sexta-feira (25), de forma remota por conta da pandemia, e foi conduzido pelo presidente da entidade, Jonas Florêncio.

 

Na abertura dos trabalhos, a vereadora Elsa Oliveira (Podemos) apresentou estatísticas mostrando o crescimento do consumo de drogas no país em 2020. Conforme a parlamentar, o uso de maconha cresceu 17%, o de cocaína, 7% e o de ansiolíticos, 12%. No geral, o consumo de drogas como um todo cresceu 13,2%, perto do índice de crescimento mundial, de 13,5%.

 

Segundo os dados apresentados na reunião, a pandemia mudou o perfil do consumidor de drogas, especialmente o álcool: o maior crescimento aconteceu na faixa acima de 30 anos para os homens e nos 35 anos para as mulheres.

 

Durante seu discurso, a vereadora do Podemos falou sobre a tramitação do Projeto de Lei 69/2021, que prevê a criação de um selo de “empresa amiga do Compod”. A ideia do projeto, que está em tramitação nas comissões da Câmara de Osasco, é “identificar as empresas da cidade que sejam apoiadoras da política de prevenção e combate ao uso de drogas”.

 

Lúcia Sdoia, presidente do Conselho Estadual de Política de Drogas (Coned), falou da especificidade de cada município para abordar o tema: “Que cidade queremos para cuidar dessas pessoas? A drogadição — continua Sdoia — é um problema complexo, sem solução única. Cada cidade precisa buscar alternativas próprias, pois há impactos na saúde mental, na segurança pública e nas políticas sociais. Temos que abordar as três dimensões do problema: a pessoa, a droga e o ambiente social”.

 

“Prevenir o uso de drogas passa por uma série de políticas: mais educação, mais infraestrutura em saúde, parques, políticas de lazer, ter coisas boas que possam concorrer com as drogas no tempo livre dessas pessoas. Mais espaço lúdicos para os usuários e suas famílias e isso depende dos aspectos de cada cidade”, acrescentou Lúcia Sdoia.

 

Eliana Borges, da Coordenadoria Estadual de Políticas sobre Drogas (Coed), explicou a importância da coordenação entre governo estadual, municípios e organizações sociais para lidar com a questão das drogas. “No programa ‘Recomeço’, o governo estadual articula as secretarias de Saúde, Segurança Pública, Desenvolvimento Social e Justiça para prevenir o uso e tratar aqueles que já são adictos”.

 

A coordenadora comentou sobre o trabalho desenvolvido em comunidades terapêuticas, onde são admitidos somente maiores de 18 anos, com condição de saúde mental estável e que manifestem o desejo de serem internados. “É um serviço gratuito do governo, pois muitos municípios firmam parcerias pagas com entidades que sequer estão cadastradas em políticas de tratamento aos usuários de drogas”, revela Eliana Borges.

 

Silvia Resende, presidente da Associação Paulista de Técnicos Judiciários (Apatej), comentou sobre o desenvolvimento e distribuição de cartilhas nas escolas sobre o trabalho do Compod. “Mais informação leva a melhores decisões em políticas públicas. O Judiciário vai apoiar a distribuição desse material nas escolas, com foco no público adolescente”, afirmou Resende.

 

Mônica Veloso, secretária municipal de Políticas para Mulheres e Promoção da Diversidade, abordou outro aspecto associado ao aumento do consumo de drogas: o aumento da violência contra mulheres e crianças na pandemia. “A centralidade das políticas sobre drogas precisa ser nas pessoas. Prevenir é mais importante que intervir, pois a droga não afeta apenas o adicto, mas todo o entorno familiar”, disse Veloso.

 

Por fim, a vereadora Juliana da Ativoz (PSOL) seguiu a linha de Mônica Veloso e relacionou a pandemia com o aumento no uso de drogas. “Abuso de drogas é sintoma de uma sociedade doente e isso aumentou na pandemia”. Para ela, o tratamento dos adictos em drogas passa por apoio psicológico e psiquiátrico. “Precisamos focar em postos de atendimento de saúde mental” propôs a vereadora, que também frisou: “O problema precisa ser tratado em suas causas, com recortes de raça e classe”.

 

 

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