Por Bia Santana
No trânsito caótico dos dias atuais, pensar em pegar ônibus, trem ou metrô muitas vezes até desanimamos. E como será que uma pessoa cega faz para utilizar transporte público sozinha?
Ônibus: Ao chegar ao ponto de ônibus, vamos nos deparar com duas opções, perguntamos se há alguém no ponto, caso tenha, pedimos para a pessoa avisar quando chegar o ônibus que aguardamos e principalmente avisar se o dela passar, podem acreditar que já perdi muito tempo esperando o aviso de uma pessoa que já havia saído a tempos.

Mas senão tiver ninguém vamos à segunda opção, ouvir os ônibus se aproximarem e dar sinal, ele vai parar e perguntamos ao motorista se é o correto, senão for seguimos o ritual até o nosso chegar. O máximo que pode dar errado é acenarmos para alguns caminhões devido ao som bem parecido com ônibus. Assim que embarcamos e pedimos ao motorista para avisar nosso local de desembarque o mesmo nos avisa. Sou do tipo que prefiro de vez em quando lembrar para que ele não esqueça porque na maioria das vezes é um trabalhão de tempo e paciência fazer o caminho ao contrário.
Trem e metrô: Na minha opinião mais rápido e prático, ao chegar na estação pedimos o auxílio de um funcionário, geralmente encontrados na chamada S.S.O Sala de Supervisão Operacional, lá informamos ao funcionário onde vamos desembarcar, nos embarca geralmente padrão primeiro vagão primeira porta e comunica aos funcionários da S.S.O da estação destino o número do vagão, vagão e porta que estamos, assim ao desembarcar um funcionário nos auxilia e nos conduz ao próximo destino.

Todo processo é bem pensado, mas passamos também por muitos sufocos, quando falamos com motorista do ônibus e ele responde com a cabeça afirmando ficamos um bom tempo ali requisitando um pedido sem resposta falada, afinal de contas somos cegos, mímica não rola muito bem, rs.
Ao embarcar nos vagões e a cada estação, o alto falante não comunicar o nome da estação ficamos perdidos, eu costumo também contar o número de abertura das portas ou recorrer ao usuário e perguntar. Até mesmo pelo baixo número de funcionários em estações movimentadas não ter funcionários a nossa espera ai literalmente se viramos procurando alguma ajuda com usuário.

Tudo é possível desde que a acessibilidade funcione. Percorro São Paulo inteiro em lugares que me proporcionam ser acessível.
Queridos leitores ficaremos por aqui e aguardo vocês na próxima semana para mais uma aventura do dia a dia de uma pessoa cega.