Lutas retornam e jiu-jitsu da zona Norte de Osasco com campeões no Brasileiro e no Paulista

Capa Esportes Márcio Silvio

Nós sobrevivemos. É assim que o professor Bruno Felipe se vê nesse retorno da academia que fica no Jardim Rochdale, zona Norte de Osasco. Certo, isso tem a ver com a tragédia da pandemia desde março do ano passado e que deixa um saldo impactante de perdas.

Professor de jiu-jítsu, ele vinha com tudo trabalhando a arte suave na academia e, paralelo a isso, projeto social avançando na periferia. De repente, tudo parado e aquela sensação de impotência total – usando linguagem própria dessa luta, a pandemia chegava imobilizando geral.

Assim como todo mundo, momento de reclusão e isolamento. Seguindo o curso e lutando pela vida, academia fechada e todos alunos migrando para o mundo online – escolas de artes marciais rapidamente se adequaram aos treinos virtuais.

O professor comenta que sentiu muito esse golpe da pandemia e compara como uma luta no tatame da vida: “Um adversário que a gente não conhecia, invisível. Mas nós chamamos pra guarda e estamos aí, conseguindo virar o jogo.”

‘Chamar pra guarda’ é outra linguagem do jiu-jítsu, quando o lutador fica sob o adversário mas tendo absoluto domínio das ações – nessa arte marcial, estar por baixo nunca significa desvantagem. Eis o combate do professor Bruno para manter o projeto no Jardim Rochdale, ideal nobre que tem como profissional de luta.

Ele exalta o apoio dos amigos mais próximos, dos alunos que sustentaram essa pegada contra a pandemia e, agora, compartilha esse momento de retorno sob todos cuidados de higiene porque o risco segue. No entanto, o professor destaca que agora o vírus é um adversário conhecido e que o jiu-jítsu vai cravando pontos nesse tatame.

O projeto que o professor sustenta é absolutamente família, tanto que ele tem como parceira-mor a esposa Jaqueline e que também é aluna. Faixa-roxa, ela assume responsabilidades nas aulas, no expediente integral da escola e, para o professor, foi verdadeira faixa-preta no trágico período de isolamento. Então, kimonos unidos nesse ideal.

Na escola, outra valente se destaca como irada no tatame, uma atleta atuante no front do projeto: Sandra Meneses é faixa-branca mas antigona na luta, ela se antecipa ao mestrão e fala que além desse dojo o professor Bruno tem projeto social com outro fera do jiu, Diego Rainho.

Da academia no Rochdale, o professor veste esse kimono solidário na Comunidade Terra Nossa, também na zona Norte de Osasco, trabalho direto contra os riscos das ruas. E sobre a motivação nesse recomeço, o faixa-preta volta a apontar para a esposa Jaqueline como baluarte e ela complementa na modéstia marcial: sempre auxiliando, ajudando porque ninguém consegue sozinho…

DE VOLTA À LUTA… E COM TÍTULOS

Bem, o momento agora é de academias abertas, campeonatos rompendo e a escola do professor Bruno já mostrando serviço. Ele apresenta o atleta Bryan, 11 anos e que partiu para o Campeonato Brasileiro – primeiro torneio do menino e já com medalhaça de ouro enfeitando o kimono. Mas pódios à parte, o professor destaca que a importância do projeto está no fortalecimento interior da meninada, trabalhando autoestima e disciplina.

Aponta que tem alunos que são tímidos por conta de vários fatores fora do tatame mas que, com o kimono, ganham confiança: “Eles nem precisam falar muito, a postura já é diferente. Além de serem bons atletas, o mais importante é que estão melhorando como pessoas”, complementa o professor.

E além da medalha de ouro no Brasileiro, agora há outras três somando na galeria – duas de ouro e uma de prata. Sim, esse jiu vencedor do Jardim Rochdale foi para a luta no último fim de semana no Liberatão de Presidente Altino. Campeonato Paulista rolando e quem vai parva o tatame?

O próprio professor Bruno Felipe: no sábado ele competiu na luta tradicional, chegou à final e ficou com a medalha de prata; no dia seguinte, luta sem kimono e Bruno Felipe mandou na segurança para medalha de ouro; a instrutora Sandra também competiu, primeiro torneio dela e partiu na categoria Master 1 para subir ao primeiro pódio, campeã no jiu tradicional.

Sobre o projeto social no Terra Nossa, fica no Jardim Piratininga, Rua 28 de Fevereiro, 13-A; no Jardim Rochdale, o tatame está aberto na Rua Agudos, 417. “Só tenho a agradecer aos meus alunos, aos meus familiares e aos meus professores que me capacitaram pra chegar até aqui: professor Edson Assunção de Barueri e o mestre Sandrão que me apresentou esse caminho marcial.

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