Mães que ferem – Parte 3

Colunistas Talita Andrade

Nunca pensei que esse tema fosse se prolongar tanto. Fico lisonjeada pela repercussão positiva que meus textos sobre mães narcisistas estão tendo, gratidão pelas mensagens e desabafos que me enviam.

Portanto, querido leitor, aqui tem uma essencial lição de casa pra você…
“MÃES SÃO APENAS MULHERES FÉRTEIS QUE ENGRAVIDAM”.
Memorize essa frase, até que ela seja decorada, absorvida, compreendida e superada.

Não sei explicar quando percebi que havia algo errado na forma como minha mãe me tratava. Quando criança, eu sentia uma diferença, mas não sabia explicar qual era, e se era anormal. Essa consciência na infância é impossível de se ter. Pra dizer a verdade, nem adultos conseguem perceber com facilidade, pois nossa mãe é a figura mais importante na vida do ser humano, e temos a sensação de dívida eterna e devoção incondicional.

Comecei a reparar que minha mãe gostava de ferir a alegria dos meus filhos. Quando ela nos visitava, os chantageava a fazer algo para ela com a ameaça de ir embora, ou então, ela “brincava” que havia jogado algo deles fora, ou que havia comido o doce deles, fazendo-os chorar. A primeira vez que percebi que essas brincadeiras eram maldosas, foi num dia que ela avisou que estava a caminho de nossa casa, gerando uma mega expectativa neles por sua chegada, e mais tarde ligou dizendo que desistiu de ir. Os meninos choraram, decepcionados. E então, dado uns cinco minutos, ela bate na porta e entra rindo, anunciando a “pegadinha”. Só que a frequência com que isso acontecia era absurda. Certo dia, ela “brincou” que jogou os nossos gatos fora (na rua). Eles entraram em pânico, os procurando pela casa, enquanto ela assistia tal sofrimento. Então os abraçava, dando risada, desmentindo o ato.
Consegue perceber o quão cruel é causar um sofrimento numa criança que está feliz por sua presença? Isso era algo que me enojava demais, e um dos motivos que me levaram a começar a distanciá-los. Eles a adoram, principalmente, porque ela me desautoriza na frente deles, os deixando quebrar minhas regras. Parece coisa de avó que gosta de mimar, mas esse não era o caso. A atitude é uma afronta proposital de disputa, pra caçar confrontos com a minha reação.

Uma coisa é fato, a dor de amar alguém que te faz mal é devastadora. Mas a culpa de desprezar alguém que te deu a vida e não te protege do mal, é terrível.

Espero que encontrem a coragem de criar autonomia ou ao menos se protegerem das ofensas, humilhações e dependência dessas mulheres. Que vocês aprendam que AMOR DE MÃE É SUBSTITUÍVEL SIM, por outra, que esteja disposta a dar o que você nunca teve. Seja uma avó, tia ou mãe de amigos. O laço sanguíneo não garante afinidade. Não precisamos aceitar maldade e sofrimento por conta de um processo natural do mundo (procriação). Você não pediu pra nascer!

Busque seu lugar ao sol. Seja você por si só.

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